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Mafalda Orlandini
Nasceu o Joaquim
Minha irmã me telefonou para dizer que o Joaquim, seu décimo quinto bisneto (acho que é esse o número) nasceu. Hoje é assim. As crianças já têm nome desde que a segunda o ou a terceira ecografia revela seu sexo. Assim, toda a família estava aguardando a chegada, ao vivo e a cores, do Joaquim como a Alzira, minha sobrinha e a Anne, sua filha, estavam aguardando a Geovana amada há alguns meses.
Quando meus filhos nasceram no século passado (!!!), não era assim. Havia expectativa, palpites, brincadeiras e até apostas, quando as pessoas queriam determinado sexo, diferente dos primeiros filhos. Alguns eram supersticiosos e não escolhiam o nome porque poderia dar azar (???). No meu caso, segui um hábito comum na época. Meu filho era o primeiro neto e recebeu o nome dos avós paternos (Daí o José Oscar). Uma sobrinha que foi a primeira neta, herdou o nome de minha mãe (Alzira).
Há bebês que trocam de nome várias vezes antes de nascer. Minha neta está grávida e escolheu um nome. Eu gostei e contei para meio mundo. Ela fez outra opção e agora... Então, lembrei o caso do meu segundo filho. É hilário e vale a pena rir um pouco.
Desde que soube que ele estava a caminho, meu marido afirmou, categoricamente, que, se fosse homem, chegara a vez de homenagear dois tios que ele amava muito e que o apoiaram quando ficara órfão. Nada contra os tios que eram muito queridos, mas os nomes em dupla ficavam em choque, não combinavam. O Ney disse que teria que ser assim, caso contrário, um ficaria magoado. À força de ouvir a repetição e diante de quase um atrito conjugal, acostumei-me com o Demétrio Abílio. Quando ele nasceu, o capeta do meu marido, olhou para mim e disse, com ar matreiro, “escolhe o nome de nosso filho”. Eu não queria acreditar e falei sem perder tempo, Ricardo ou Eduardo (Daí o José Ricardo). Ele saiu rindo muito divertido.
Mas não termina aí a piada. Levei quarenta anos para descobrir que meus filhos têm o nome de um personagem do Carnaval em vários locais do mundo, Zé Pereira. Os dois foram a trabalho, aos Estados Unidos. Na chegada, ao aeroporto, foram detidos e levados ao setor de imigração. O agente da imigração, com os dois passaportes brasileiros à mão, perguntou aos dois: “Mr. José Pereira”. E eles responderam que sim, pois eram irmãos com os nomes iniciais e finais iguais. O Agente conferiu e pediu desculpas pelo pequeno embaraço.
Claro, ninguém os chama de José. Foi fácil explicar que eram irmãos.
Só para provar que eu não brinco, eis o refrão que o grupo sai a repetir, com muito estardalhaço, pelas ruas nos dias antes do Carnaval:
E viva o Zé Pereira
Pois a ninguém faz mal
E viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval
Final da história. Eu acostumei com o Demétrio Abílio à força de ouvir tantas vezes seu nome. Fiquei esperando por ele e parece que ele desembarcou em outro lar. Fiquei carente. Dizem que o “bullying” deixa traumas. Acho que é isso. É brincadeirinha, meus filhos amados. Zé Pereira ou Demétrio Abílio, o nome é o que menos importa. Coração de mãe sempre tem amor para dar.
Mafalda Orlandini é professora de português e literatura aposentada. Lecionou nos colégios: Nossa Senhora do Rosário (Porto Alegre), Vera Cruz (Porto Alegre), Nossa Senhora dos Anjos (Gravataí), E.E. Presidente Kennedy (Cachoeirinha), E.E. Santos Dumont (Porto Alegre) e no Curso Pré-Universitário (Porto Alegre) onde ministrava aulas sobre redação.
Durante muitos anos fez parte da banca de correções de redação nos vestibulares da PUC-RS.
E-mail: mafalda.orlandini@hotmail.com
Facebook: http://www.facebook.com/mafalda.orlandini
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