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Percival Puggina
A essência do conservadorismo (como o vejo)
Tendo surgido na história do pensamento como uma reação de civilidade à Revolução Francesa, o conservadorismo preserva, até hoje, essa característica essencial. No livro “Crítica à Revolução Francesa” (1790), Edmund Burke assinala a diferença entre o caráter destrutivo desta e o desejo de criar uma ordem que havia caracterizado a guerra pela Independência dos EUA (1776). Esta marca de natureza fica muito clara no preâmbulo da Constituição que a seguir produziram. Nele, os constituintes da Filadélfia afirmaram o propósito de assegurar, além de outros, a perfeita união, a justiça, a tranquilidade doméstica e a defesa comum, ou seja, a criação de instituições para uma Ordem.
O grande adversário do conservadorismo é o voluntarismo político que inspira as ações revolucionárias destruidoras da ordem e conducentes ao caos. Se possível, assista o filme Trotsky; se não puder, pondere, ao menos, o quanto a mobilização da opinião pública que promoveu as recentes mudanças políticas no Brasil convergiu para o candidato mais visivelmente comprometido com o combate à criminalidade, à impunidade e à desordem geral instaurada no país. A sociedade percebeu que se extinguia a ordem, que se haviam formado estados paralelos e que uma revolução estava em curso. Era uma revolução feita com armas dos criminosos e com penadas da Justiça, com corrupção e mentiras, com mortandades e sentenças, impunidade e leniência, disputa de território e terrorismo. O conservador sabe que a vida em sociedade exige uma ordem que corresponda, tão amplamente quanto possível, ao bem de todos.
Quando os governos de esquerda começaram a fatiar a sociedade brasileira em um sem número de frações e a instigar rivalidades, estavam eles dedicados à tarefa inversa, à de construção do caos.
Isso por um lado. Por outro, o Conservadorismo pressupõe uma relação muito íntima com algo que aparece na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Refiro-me às verdades autoevidentes (self-evident) nela mencionadas, ou seja, que somos criados iguais e fomos dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
“We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness.”
Não há muito mais a ser dito, exceto afastar a ideia errada que caracteriza o conservadorismo como apego à tradição, ao passado e rejeição à mudança. É frágil a amarra do conservadorismo com o que ficou para trás; o futuro é desejável, ora essa! Eu quero o meu! Já não é muito, mas é meu. O puro e cego apego à tradição é reacionarismo. É querer que nada mude. O conservador, ao contrário, pressente a mudança, mas não a acolhe como reitora definitiva da História. Na mudança, a grande maioria dos conservadores reconhece a importância das boas Instituições (as nossas são péssimas, como bem sabemos), da Família, da Educação e da Religião, e se empenhará em preservar aquelas verdades autoevidentes e aqueles direitos inalienáveis, importantes à desejada ordem, esta sim, marco firme de suas escolhas sociopolíticas.
O conservadorismo é irmão gêmeo do liberalismo econômico, com o qual compartilha as ideias de não intervenção estatal na economia, liberdade de mercado e direito de propriedade.
Percival Puggina é titular do blog www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
e-mail: puggina@puggina.org
Twitter: www.twitter.com/percivalpuggina
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