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RSSInvasões holandesas do Brasil: Tropas holandesas entram em Olinda
Invasões holandesas é o nome normalmente dado, na historiografia brasileira, ao projeto de ocupação da Região Nordeste do Brasil pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (W.I.C.) durante o século XVII.
As invasões holandesas foram o maior conflito político-militar da colônia. Embora concentradas no atual Nordeste, não se resumiram a um episódio regional. Fizeram parte do quadro de relações internacionais entre os Estados europeus: foi uma luta pelo controle do açúcar, bem como das fontes de suprimento de escravos. Houve duas frentes interligadas, embora distantes: Brasil e África.
A resistência foi caracterizada por um esforço financeiro e militar baseado em recursos locais e externos. Os recursos levantados na colônia representaram dois terços dos gastos entre 1630 e 1637, com tropas majoritariamente europeias; e quase a totalidade do gasto entre 1644 e 1654, com tropas mormente pernambucanas.
Embora não aceito por alguns, pode-se falar no surgimento de um sentimento de nacionalismo brasileiro. A Batalha dos Guararapes resultou na vitória do "exército patriota", integrado por combatentes das três raças dominantes. Porém, a resistência, com certeza, foi um marco do nativismo.
Olinda, então o local mais rico do Brasil Colônia, foi saqueada e destruída pelos holandeses, que escolheram o Recife como a capital da Nova Holanda. A gravura neerlandesa mostra o cerco a Olinda em 1630.
A invasão de Olinda (1630)
Uma nova e poderosa esquadra com sessenta e sete navios e cerca de sete mil homens — a maior já vista na colônia — sob o comando do almirante Hendrick Lonck, investiu sobre Pernambuco onde, em 16 de fevereiro de 1630 desembarcaram na Praia de Pau Amarelo, conquista Olinda e depois Recife. Com a vitória, os invasores foram reforçados por um efetivo de mais seis mil homens, enviados da Europa para assegurar a posse da conquista.
A aquisição de mão de obra escrava tornou-se imprescindível para o sucesso da colonização neerlandesa. Por essa razão, a W.I.C. começou a traficar escravos da África para o Brasil.
A Batalha dos Guararapes
A Batalha dos Guararapes, na sequência da Guerra da Restauração após a Restauração da Independência de Portugal de 1640, foi uma batalha travada em dois confrontos entre o exército da Holanda e os defensores do Império Português no Morro dos Guararapes, atual município de Jaboatão dos Guararapes, situado na Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco, Brasil.
Os dois confrontos foram:
- Batalha dos Guararapes (Primeiro confronto) - 18 e 19 de abril de 1648.
- Batalha dos Guararapes (Segundo confronto - decisivo) - 19 de fevereiro de 1649.
Por ter sido vencida pelos portugueses, destaca-se como episódio marcante na Insurreição Pernambucana, que culminou no término das Invasões holandesas do Brasil, no século XVII. A assinatura da capitulação deu-se em 1654, no Recife, de onde partiram os últimos navios holandeses em direção à Europa.
Morro dos Guararapes, local onde foram travadas as Batalhas dos Guararapes, com Recife ao fundo. O Parque Histórico Nacional dos Guararapes é bem tombado pelo IPHAN.
Primeiro confronto
primeiro confronto travado entre o exército da Holanda, chamado Companhia Holandesa das Índias Ocidentais e os defensores do Império Português, aconteceu em 18 e 19 de abril de 1648 no Morro dos Guararapes, Capitania de Pernambuco, Brasil colonial.
Os holandeses planejavam reconquistar o Porto de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho, fundamental para o abastecimento do Arraial Velho do Bom Jesus, por onde entravam as armas e munições usados pela resistência luso-brasileira. Sob o comando do coronel Sigismund Van Schkoppe, os combatentes holandeses sabiam da importância estratégica de ocupar primeiro o povoado de Muribeca dos Guararapes, onde havia grande quantidade de farinha de mandioca para abastecer os soldados.
Porém, os generais Fernandes Vieira e Vidal de Negreiros, sabendo dos planos de invasão, impediram a ação no Morro dos Guararapes, por onde os holandeses, vindos do Recife, teriam que passar para chegar a Muribeca. Este primeiro confronto terminou com vitória luso-brasileira, apesar do seu efetivo não passar de 2.200 homens, contra 4.500 do exército inimigo. O saldo da guerra foi de 1.200 holandeses mortos, sendo 180 oficiais e sargentos. Do lado luso-brasileiro, foram 84 mortos. O combate mais intenso durou cerca de cinco horas. No campo de batalha tombaram, além de holandeses e luso-brasileiros, ingleses, franceses, poloneses, negros africanos e índios tupis e tapuias. Muitos soldados holandeses afogaram-se em alagadiços nos arredores do Morro dos Guararapes. Debilitado para o combate, o exército da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais não resistiu ao vigor, preparo e conhecimento do terreno dos luso-brasileiros. Nos momentos decisivos do confronto, os holandeses tentaram dominar o flanco ocupado pelos negros, comandados por Henrique Dias, mas as tropas comandadas por Vieira e Vidal vieram em seu auxílio, massacrando os holandeses. A segunda batalha aconteceria dez meses depois, em 19 fevereiro de 1649, no mesmo local.
Segue um resumo da descrição do primeiro confronto, segundo Diogo Lopes Santiago, um cronista da guerra da época:
Tanto que nossa infantaria se escondeu nos mangues ao pé do último monte, Antônio Dias Cardoso ordenou a 20 de seus melhores homens que fossem com 40 dos índios de Filipe Camarão procurar o inimigo, que marchava do Recife pelo caminho dos Guararapes.
Na entrada dos montes, nossos 60 soldados atacaram a vanguarda holandesa e vieram se retirando sem dar costas ao inimigo, atraindo-o a uma passagem estreita entre os montes e o mangue, até poucos passos de onde estava o nosso exército. Do nosso lado houve certa confusão e opiniões de retirada frente àquele exército tão superior, mas os dois mestres de campo, João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros, resolveram, conforme combinado, enfrentá-los ali, dando a primeira carga e investindo no inimigo à espada, mesmo que sob fogo dos mosquetes.
Marchou André Vidal pela baixa com o Camarão à sua direita pelo mangue. Vieira avançou pelo alto com Henrique Dias à sua esquerda. Aguardaram as nossas duas espantosas cargas de mosquetaria e artilharia sem da nossa parte se dar nenhum tiro, indo ao encontro do inimigo já bem perto. Neste tempo, por toda parte, disparou nosso fogo de uma só vez, causando grande dano e desorganização nos esquadrões inimigos. Logo os nossos sacaram as espadas e atacaram com tanto ímpeto e violência que não puderam os lanceiros conter os nossos de infiltrarem-se, matarem e destroçarem por meia hora, até que lhes pusessem em fuga.
Fugindo e descendo do monte, a seu pesar com mais presteza do que subira, os que escaparam de Dias e Vieira se juntaram aos que estavam em retirada pela campina pressionados por Vidal e Camarão. Ganhamos todos os canhões do inimigo e muita bagagem, motivo que levou muitos soldados ao saque e à euforia.
Como esperado em exércitos como aquele holandês, ter gente de reserva para situações difíceis lhes valeu um contra-ataque fulminante pegando nossos soldados desorganizados, além de exaustos, que se puseram em fuga monte abaixo.
A luta desesperada que seguiu daí pela defesa da passagem estreita (apelidada boqueirão) durou várias horas, com os oficiais (nossos e inimigos) no meio da ação. Acabamos por perder 4 das 6 peças da artilharia ganha. Por fim, o campo ficou nosso e o alto dos montes do inimigo.
O general holandês, gravemente ferido no tornozelo, determinou a retirada durante a noite deixando dois canhões apontados para o boqueirão, disfarçando seu recuo para o Recife.
Segundo confronto
O segundo confronto entre o exército da Holanda e os defensores do Império Português ocorreu no mesmo local, no Morro dos Guararapes, em 19 de fevereiro de 1649.
Foi vencida pelos portugueses e destaca-se como episódio decisivo na Guerra da Restauração e particularmente na Insurreição Pernambucana, que culminou no término das Invasões holandesas do Brasil, no século XVII.
A capitulação neerlandesa aos portugueses assinada no Campo do Taborda, no Recife, as 23:00 horas da segunda-feira 26 de janeiro de 1654.
Segue um resumo da descrição da batalha segundo o cronista Diogo Lopes Santiago:
Havendo aprestado as coisas necessárias, o exército holandês saiu do Recife em 18 de fevereiro de 1649, com cinco mil homens de guerra, todos soldados experientes, com que fazia mais forte o poder que o da batalha passada. Traziam também 200 índios, duas companhias de negros e 300 marinheiros que se dispuseram a enfrentar a luta na campanha; 6 canhões, 12 bandeiras, trombetas, caixas e clarins. Posto que não lustrosos com as golas e enfeites que da primeira vez traziam, vinham com longas lanças com as quais andaram treinando para defender a integridade dos esquadrões contra os ataques infiltrados de nossa infantaria.
No tempo que chegou nosso exército ao primeiro monte já estava o inimigo formado em todos os outros e na baixa (boqueirão) onde havia ocorrido o principal da batalha anterior. Mandou Francisco Barreto de Meneses fazer alto e tomou conselho por onde haveriam de buscar a luta, se pela frente, se pela retaguarda ou se pelos lados. André Vidal de Negreiros e Francisco Figueroa deram votos que fosse pela frente, mas João Fernandes Vieira, que vinha com o grosso da gente, deu parecer contrário: que se buscasse o inimigo pela retaguarda (como na 1ª batalha) uma vez que onde estavam não tinha água e deveriam acampar com algum conforto ao fim da tarde, deixando o holandês à espera.
Concordou Francisco de Meneses com este último parecer e assim mandou seguirem a um engenho ali perto onde repousaram e traçaram o plano do ataque, pelo que se concordou em iniciar a ação tão logo abandonasse o inimigo suas posições, para qualquer rumo que fosse.
No dia 19, das 13:00 para as 14:00 (castigado pelo sol), tanto que foram os holandeses desocupando o alto dos montes para formarem um grande esquadrão na direção do Recife, nosso exército iniciou a aproximação.
João Fernandes Vieira com 800 de seus homens foi o primeiro a entrar na luta, bem no meio da área que chamavam boqueirão, onde o inimigo tinha 6 esquadrões e duas peças de artilharia. Após 25 min de cargas de fogo, João Fernandes tentou cortar a formação holandesa pelo alagado. Sem sucesso, de volta à posição inicial, pediu a todos que investissem à espada após uma última carga na cara do inimigo, e assim foi ganho o boqueirão à espada (apesar da brava resistência dos lanceiros holandeses), onde conquistamos 2 canhões de campanha.
Nesta altura já estavam em luta todos os nossos vindo pelo alto e fraldas do último monte: Henrique Dias, Diogo Camarão, Francisco Figueroa, André Vidal, Dias Cardoso e a cavalaria de Antônio Silva. Tomado o monte central e suas 4 peças de artilharia, bem como as tendas do comandante holandês Van den Brinck (que foi morto na ocasião), os luso-brasileiros pressionaram os inimigos até sua desintegração e fuga para Recife, sendo perseguidos por nossos cavaleiros exaustos; muitos fugiram para os matos, outros se entregaram implorando pelas vidas.
Tratado de Taborda
O Tratado de Taborda foi capitulação neerlandesa aos portugueses assinada no Campo do Taborda, no Recife, as 23:00 horas da segunda-feira 26 de janeiro de 1654.
O tratado chamou-se Taborda, pois este foi feita nas terras da casa do pescador Manuel Taborda.
A situação dos neerlandeses no Brasil desde o final de 1653, já era inviável, depois de tantas derrotas em batalhas com os portugueses; as condições no Recife eram precárias, devido ao estado de sítio declarado pelas forças de terra e de mar portuguesas. Diante deste cenário os neerlandeses iniciaram as negociações de capitulação.
O chefe do Conselho de Justiça do Brasil Neerlandês, Gislbert de With foi um dos negociadores deste acordo, que aceito junto ao Governo Geral Neerlandês em 24 de janeiro de 1654 e no dia seguinte foi traduzido e entregue aos portugueses e por estes aceito.
As condições principais deste tratado eram que a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, abdicava de todas as posses no Brasil e que os neerlandeses deixariam o solo brasileiro. A evacuação neerlandesa do Recife só aconteceu a partir de abril de 1654.
Heróis da Pátria
A Lei nº 12.701, de 6 de agosto de 2012 determinou que os nomes dos principais personagens luso-brasileiros na batalha, juntamente com o de Francisco Barreto de Meneses que comandou de ofício o "Exército Patriota" e é chamado "Restaurador de Pernambuco", fossem inscritos no Livro de Heróis da Pátria (conhecido como "Livro de Aço"), depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um cenotáfio que homenageia os heróis nacionais localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Fonte: Wikipédia
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