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30 de abril de 1943.

Segunda Guerra Mundial: Operação Mincemeat (carne moída): O submarino HMS Seraph larga um homem morto vestido como um oficial da inteligência militar britânica ao largo da costa da Espanha, no Mediterrâneo, com os planos de falsos de in

Identidade do

Na primavera de 1943, com a campanha no Norte da África quase concluída, os Aliados começaram a considerar opções para a invasão da Europa. Todos concordavam que o objetivo mais lógico era a Sicília.

Estrategicamente localizada no mediterrâneo, a Sicília não só proveria um trampolim para a invasão do continente europeu, mas também eliminaria a presença da Luftwaffe. Porém, havia três obstáculos a serem considerados pelos Aliados. Primeiro, a Sicília é uma ilha montanhosa que favorece aos defensores. Segundo, o Eixo sabia que a invasão da Sicília era eminente, sendo a provável próxima ação. E finalmente, a invasão da Sicília, codinome “Operação Husky”, requereria muitos soldados o que alertaria os alemães. Então para que a invasão fosse um sucesso, o alto comando alemão teria que ser ludibriado de alguma maneira.

O líder de esquadrão Sir Archibald Cholmondley, foi o primeiro a conceber a ideia de plantar falsos documentos em um homem morto e os deixar cair nas mãos dos nazistas. Esta ideia foi passada para a inteligência naval,e o capitão Samuel Ewen Edward Montagu imediatamente começou a tarefa de traçar os detalhes do plano.

O capitão Montagu escreveu em 1953 o livro “The Man Who Never Was” (O Homem que Nunca Existiu), que conta detalhes da Operação Mincemeat, que foi transformado em filme três anos depois em 1956.

No princípio, a equipe de Montagu quis criar a ilusão de que o homem era uma vítima de um paraquedas que falhou. Porém, o problema principal com esta ideia era que o Abwehr (Serviço de Inteligência Militar alemã) estava completamente convencido que não era a política dos Aliados enviar documentos secretos pelo território inimigo. Além disso, uma autópsia revelaria que o indivíduo morrera bem antes do acidente.

Montagu e sua equipe decidiram por um acidente aéreo sobre o mar. Isto eliminaria ambas as preocupações seria esperado que o morto estivesse flutuando no mar por vários dias e os documentos secretos não transitado sobre território inimigo.

Recorreu-se a um submarino para que fosse possível colocar o corpo o mais próximo da costa sem ser detectado. Tendo em conta tanto à estreita relação entre os governos de Espanha e Alemanha como a forte presença dos serviços secretos militares alemães em território espanhol, a costa espanhola era uma boa solução.

O próximo problema era achar um corpo de uma certa idade e boa aparência. Uma vez que esta pessoa fosse achada, a família precisaria concordar e jurar segredo com relação à operação.

Em Londres, descobriram uma vítima de pneumonia de 30 anos que tinha morrido recentemente. O fluido nos pulmões dele apoiaria que ele tinha estado no mar por um longo período. Eles contataram a família do homem e eles aceitaram as condições impostas. Contudo, eles exigiram que o nome dele jamais viesse a público. A operação estava perto de se tornar realidade.

Com certo toque de morbidez, o capitão Montagu decidiu chamar a tentativa de engodo aos nazista de “Operação Mincemeat” (Carne Picada ou Moída).

O passo seguinte foi o de criar uma nova identidade para o corpo. Inicialmente, pensaram que deveria ser um oficial do exército, no entanto, o processo burocrático para a identificação de baixas era muito complexo, sendo também possível quebra de informação. Também não poderia ser um correio da marinha, visto que havia grande dificuldade em arranjar um uniforme. Sendo assim, considerou-se que o corpo pertenceria aos Royal Marines. No entanto, existia mais um problema relacionado com o fato de que os Royal Marines correspondiam, mesmo em tempo de guerra, a um grupo muito pequeno e cujos membros eram muito ligados. Com isto, decidiu-se que o corpo corresponderia a um Capitão (atuando como Major) chamado William Martin, nome bastante comum entre os soldados dessa unidade.

Tendo já um nome e um posto, a equipe de inteligência comandada por Montagu precisava “fabricar” melhor a identidade do Major Martin, tornando-o uma pessoa real.

Para isso, atribuíram-lhe uma noiva, com fotografias e cartas de amor, tudo arranjado pelas secretárias do departamento de Montagu. Acompando o “corpo” do fictício Major iria uma carta do pai, contas para pagar, chaves, fósforos, moedas, bilhetes de teatro e muitos outros objetos normalmente encontrados nos bolsos de um homem.

As datas dos bilhetes de teatro, das contas e das cartas foram cuidadosamente coordenadas com a suposta partida da Inglaterra. Finalmente, a equipe encontrou uma pessoa viva cuja aparência era razoavelmente parecida à do morto, tendo esta sido fotografada para se criar um documento de identidade falso.

Enquanto a identidade era criada, era necessário “fabricar” os documentos confidenciais. Considerando que seria impossível esconder os 160 mil soldados, 3 mil veículos e quase 4 mil aviões que seriam utilizados para a “Operação Husky”, decidiu-se que eles teriam que criar um plano que enganasse os nazistas fazendo-os pensar que a força de invasão era uma cobertura para outra operação.

Assim, eles desenvolveram o enredo que os Aliados atacariam Sardenha primeiro. Uma vez que a invasão estivesse completa, a ilha seria usada junto com forças da Tunísia para um ataque em duas frentes na Sicília. Além da invasão da Sardenha, foram acrescentados planos para desembarque de tropas aliadas no Bálcãs e nas proximidades de Kalamata na Grécia. Isto foi considerado porque insinuaria que o plano de invasão fora concebido pelo próprio Churchill, pois para o Primeiro Ministro britânico era melhor atacar primeiro a parte mais vulnerável da Europa.

Os planos para a suposta invasão foram relatados numa carta pessoal de um alto oficial para outro alto oficial aliado. Montagu decidiu que a carta devia ser escrita pelo General Sir Achibald Nye, subchefe do pessoal do Estado-maior Imperial, ao General Sir Harold Alexander, o comandante britânico no Norte da África sob o comando do General Dwight D. Eisenhower.

Na carta, Nye explicava a razão do pedido de Eisenhower para a operação de cobertura centrada nas ilhas gregas ter sido negado. Essa operação de cobertura tinha sido planificada para ser lançado a partir do Egito pelo Marechal de Campo Sir Henry Wilson, o comandante em chefe no Oriente Médio. A carta seria usada para dois objetivos. Um deles era de sugerir que seriam lançadas duas operações no Mediterrâneo (uma a leste e outra a oeste). Também servia para identificar a Sicília como a operação de cobertura de uma verdadeira operação a oeste. Isso fazia com que a Sardenha fosse o alvo a oeste e o território continental grego e os Bálcãs fossem o alvo a leste.

Como forma a corroborar a carta de Nye, o Major Martin também levava uma segunda carta de Lord Louis Mountbatten, chefe das Operações Combinadas, para o Almirante Cunningham, Comandante em chefe das Operações Navais no Mediterrâneo.

Esta carta referia o objetivo da viagem do Major Martin, no papel de um especialista nas operações anfíbias emprestado por Mountbatten para o planejamento das operações no Mediterrâneo.

Para apresentar Martin, Mountbatten menciona que Martin tinha tido sucesso no ataque a Dieppe, apesar do fracasso dos oficiais encarregados das operações terrestres. Esta seria a primeira vez que as forças britânicas admitiam que o ataque a Dieppe tinha sido tudo menos um sucesso.

A carta de Mountbatten continha também um comentário extra sobre o fato das sardinhas estarem sendo racionadas na Inglaterra, correspondendo a um jogo de palavras para a ilha Sardenha (em inglês, Sardine). Tal jogo de palavras era uma isca que, segundo Montagu, os nazistas não iriam resistir.

O “fictício” Major Martin deixou a Inglaterra pela última vez em 19 de Abril de 1943, num contêiner de latão com gelo seco a bordo do submarino HMS Seraph comandado pelo Tenente Comandante (mais tarde Almirante) N. A. Jewell.

Dias depois da partida, um avião da RAF atacou o Seraph por engano fazendo quase terminar a operação em desastre.

Na madrugada do dia 30 de Abril de 1943, o submarino emergiu quando se encontrava a cerca de uma milha da costa espanhola próximo de Huelva.

Depois da tripulação do submarino trazer o contêiner onde se encontrava o Major Martin para o convés da embacação, Jewel ordenou que estes regressassem para o interior do submarino, permanecendo ali apenas os altos oficiais.

Até esse momento, apenas Jewel sabia o que se encontrava no interior do contêiner. Rapidamente explicou aos oficiais o objetivo da operação, sendo que depois disso prepararam o corpo para o lançamento. Colocaram um colete salva-vidas no corpo juntamente com a mala com os documentos. A seguir rezaram uma oração do Serviço de Enterros Navais e lançaram o corpo do “Major” à água. O próprio movimentar do submarino ajudou a que o corpo se deslocasse em direção à costa. Poucas horas depois, um barco de pesca resgatou o corpo transportando-o para o porto. O agente da Abwehr daquela zona fez o resto.

Depois de algum atraso diplomático e burocrático, o governo espanhol acabou por entregar a mala, aparentemente sem abrir, à embaixada da Inglaterra.

Assim que os documentos chegaram a Londres foram examinados microscopicamente, tendo revelado que os papéis haviam sido manuseados e, presumivelmente, fotocopiados.

Em relação ao corpo, as previsões de Spillsbury confirmaram-se acerca dos testes postmortem realizados na Espanha. Quando se teve a certeza de que os documentos seriam analisados pelo serviço secreto alemão, foi dito ao primeiro-ministro Winston Churchill que a “carne picada foi toda comida”. O Major Martin foi enterrado poucos dias depois em Huelva com todas as honras militares e rodeado de flores enviadas pela sua suposta noiva e família. A edição de 4 de Junho de 1943 do “The Times” referia a morte de Martin na lista de baixas. A Abwehr levou em conta todos estes aspectos. Os serviços secretos alemães consideraram os documentos autênticos.

A Abwehr e o Alto Comando Alemão foram completamente enganados pelos documentos de Martin. Estas informações confidenciais chegaram a Adolf Hitler rapidamente que, no dia 12 de maio de 1943, ordenou medidas de fortificação na Sardenha e na Córsega, enviando o Marechal-de-campo Erwin Rommel para Atenas para formar um grupo do exército.

Mas talvez um dos maiores efeitos foi quando Hitler ordenou que duas Divisões Panzer se deslocassem da Frente russa para a Grécia. Pouco depois disso teve inicio a batalha de Kursk.

Quando os Aliados invadiram a Sicília se depararam com as tropas italianas e alemãs quase que completamente desprevenidas. Os Aliados desembarcaram na costa Sul da Sicília, sendo que as defesas da ilha estavam mais presentes na costa Norte, virada para a ilha da Sardenha. Uma grande parte das divisões italianas ficou arrasada de imediato. Os alemães, sob o comando do Marechal de Campo Albert Kesselring, iniciaram uma resistência determinada, mas acabaram por se retirar para Messina. No dia 17 de Agosto de 1943 a Sicília havia sido tomada pelo Sétimo Exército do General Patton e pelo Oitavo Exército do Marechal de Campo Montgomery, provando que a “Operação Mincemeat” havia sido um estrondoso sucesso.

Passadas várias décadas da operação, iniciaram-se as especulações acerca da verdadeira identidade do “homem que nunca existiu”.

O historiador britânico Roger Morgan, depois de 16 anos de investigações, publicou um livro onde afirma que o corpo do homem que foi usado para a “Operação Mincemeat” correspondia a Glyndwr Michael, um vagabundo, filho de pais analfabetos da cidade mineira de Welsh e que não tinha feito nada de positivo ao longo da sua vida.


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