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15 de julho de 1099.

Durante a Primeira Cruzada, cavaleiros cristãos europeus capturam Jerusalém após sete semanas de cerco, e dão início a um massacre a população muçulmana e judaica da cidade

Em cima: Jesus em Jerusalém, destruição do Templo; No meio: Decapitação dos judeus; Em baixo: O massacre cruzado dos muçulmanos faz um rio de sangue (iluminura de c. 1200)

A Primeira Cruzada foi proclamada em 1095 pelo Papa Urbano II com o objetivo duplo de auxiliar os cristãos ortodoxos do leste e libertar Jerusalém e a Terra Santa do jugo muçulmano. Na verdade, não foi um único movimento, mas um conjunto de ações bélicas de inspiração religiosa, que incluiu a Cruzada Popular, a Cruzada dos Nobres e a Cruzada de 1101.

Começou com um apelo do Imperador Bizantino Aleixo I Comneno ao Papa para o envio de mercenários para combater os turcos seljúcidas na Anatólia. Mas a resposta do cristianismo ocidental rapidamente se tornou em uma verdadeira migração de conquista territorial no Levante. Nobreza e povo de várias nações da Europa Ocidental fizeram a peregrinação armada até à Terra Santa, por terra e por mar, e tomaram a cidade de Jerusalém em julho de 1099, criando o Reino Latino de Jerusalém e outros estados cruzados.

A Primeira Cruzada representou um marco na mentalidade e nas relações de cristãos ocidentais, cristãos orientais e muçulmanos. Apesar das suas conquistas terem eventualmente sido completamente perdidas, também foi o início da expansão do ocidente que, juntamente com a Reconquista da península Ibérica, resultaria na aventura dos descobrimentos e no imperialismo ocidental.

O Cerco à Jerusalém

A 7 de junho de 1099 os cruzados chegaram finalmente a Jerusalém, acampando no exterior da cidade. O exército cristão ficara reduzido a cerca de 1.200 a 1.500 cavaleiros e 12.000 a 20.000 soldados de infantaria, carentes de armas e provisões. Tal como em em Antioquia, Jerusalém foi sujeita a um cerco no qual os sitiadores terão sofrido tanto ou mais que os sitiados, devido à falta de alimentos e água.

Jerusalém estava bem preparada para o cerco, e o governador Iftikhar ad-Daula tinha expulso a maioria dos cristãos da cidade. Godofredo de Bulhão, Roberto II da Flandres e Roberto II da Normandia (que entretanto também abandonara Raimundo de Saint-Gilles para se juntar a Godofredo) cercaram as muralhas a norte e até à Torre de David. Raimundo montou o seu campo a oeste, da Torre de David ao monte Sião.

O primeiro assalto direto às muralhas, a 13 de junho, foi um fracasso, e à medida que homens e animais morriam de fome e de sede, os cruzados sabiam que o tempo estava contra o seu exército. Pouco depois deste ataque, uma frota da República de Gênova, liderada por Guilherme Embriaco, chegou ao porto de Jaffa. Os cristãos puderam então abastecer-se parcialmente e desmantelar os navios, usando a madeira destes e a apanhada em Samaria para construir torres de assalto.

No fim do mês de junho, depois de mais ataques fracassados, surgiu a notícia do avanço de um exército fatímida do Egito. Face a uma tarefa aparentemente impossível, um padre chamado Pedro Desidério ofereceu uma solução de fé: afirmou que uma visão divina lhe tinha dado instruções para que os cristãos jejuassem durante três dias e depois marchassem descalços em procissão ao redor das muralhas da cidade; estas cairiam em nove dias, da mesma forma que a Bíblia relata ter acontecido com Josué no cerco de Jericó.

Apesar de já há muito haver fome no campo cruzado, estes jejuaram e a 8 de julho realizaram a procissão, com o clero tocando trombetas e cantando salmos, sob o escárnio dos defensores de Jerusalém. A procissão parou no monte das Oliveiras, onde Pedro o Eremita, Arnulfo de Chocques e Raimundo de Aguilers pregaram os seus sermões.


A conquista de Jerusalém

Conquista e massacre

Na noite de 14 de julho de 1099 os cruzados começaram a usar as torres de assalto para se aproximarem das muralhas. Na manhã do 15 de julho de 1099 (uma sexta-feira santa, sete dias depois da procissão), a torre de Godofredo de Bulhão alcançou a sua secção na porta do canto nordeste.

Vários nobres reclamariam a honra de terem sido os primeiros a penetrar em Jerusalém. Segundo uma das crônicas da época, a exata sequência terá sido Letoldo e Gilberto de Tournai, depois Godofredo de Bulhão e o seu irmão Eustácio III de Bolonha, Tancredo de Altavila e os seus homens. Outros cruzados entraram pela antiga entrada dos peregrinos. O avanço da torre de Raimundo de Saint-Gilles foi travado por uma vala, mas assim que outros cruzados foram invadindo a cidade, o guarda da porta assediada rendeu-se ao conde de Toulouse.

Durante a tarde e noite do dia 15 de julho de 1099 e manhã do dia seguinte, os cruzados massacraram a população de Jerusalém - muçulmanos, judeus e cristãos do oriente. Muitos muçulmanos tentaram refugiar-se na mesquita de Al-Aqsa, onde "…a matança foi tão grande que os nossos homens patinhavam em sangue até aos tornozelos…" e, segundo Raimundo de Aguilers: "os homens andavam a cavalo com sangue até aos joelhos e aos freios". O cronista Ibn al-Qalanisi escreveu que os defensores judeus procuraram refúgio na sua sinagoga, mas os "francos incendiaram-na sobre as suas cabeças", matando todos os que estavam lá dentro. Os cruzados circundaram o edifício em chamas enquanto cantavam "Cristo, Adoramos-vos!".


Acima: Jesus em Jerusalém, destruição do Templo; No meio: Decapitação dos judeus; abaixo: O massacre cruzado dos muçulmanos faz um rio de sangue (iluminura de c. 1200)

Godofredo de Bulhão não terá participado deste aspecto mais violento da conquista. Tancredo de Altavila e Raimundo IV de Toulouse teriam tentado proteger alguns grupos da fúria assassina, mas na generalidade falharam: Tancredo tomou o bairro do Templo e ofereceu protecção a alguns muçulmanos, mas depois não conseguiu evitar (ou teria mesmo acabado por ordenar) as suas mortes às mãos dos seus companheiros. O governador fatímida Iftikhar ad-Daula retirou para a Torre de David, que rendeu a Raimundo em troca da sua saída segura e da sua guarda para Ascalão.

A Gesta Francorum afirma que algumas pessoas conseguiram escapar ilesas e, segundo o(s) seu(s) autor(es) anônimo(s), "Quando os pagãos foram vencidos, os nossos homens capturaram grandes números, tanto homens como mulheres, matando-os ou aprisionando-os, conforme desejavam". A maioria dos relatos só diverge na descrição da quantidade de cadáveres amontoados ou de sangue que escorria pelo chão. A estimativa do número de mortos varia entre 6.000 e 40.000, com os cristãos a falar de 10.000 e os muçulmanos de 70.000. Segundo o arcebispo Guilherme de Tiro, os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.

[Os nossos líderes] ordenaram que todos os sarracenos mortos fossem lançados para fora das muralhas por causa do enorme fedor, uma vez que toda a cidade estava cheia dos seus corpos; e assim os sarracenos sobreviventes arrastaram os mortos para as saídas dos portões [da cidade] e empilharam-nos em montes [...] Nunca ninguém tinha visto ou ouvido falar de tal mortandade de gentes pagãs [...]. Gesta Francorum et aliorum Hierosolimitanorum, de autor(es) anônimo(s).

Consequências

Assim que a tomada da cidade foi concluída, era necessário estabelecer um governo. A 22 de julho, realizou-se um concílio na Igreja do Santo Sepulcro. Raimundo IV de Toulouse foi o primeiro a recusar o título de rei, talvez tentando provar a sua piedade, mas provavelmente esperando que os outros nobres insistissem na sua eleição.

Godofredo de Bulhão, que se tornara no nobre mais popular depois das acções do conde de Toulouse no cerco de Antioquia, aceitou o cargo de líder secular, mas recusou-se a ser coroado rei na cidade onde Jesus Cristo teria usado a coroa de espinhos. O seu título ficou assim mal definido - teria sido Advocatus Sancti Sepulchri (Protector do Santo Sepulcro), príncipe ou duque. Raimundo terá ficado desagradado com isto e saiu com o seu exército para acabar por cercar Trípoli.

Aproveitando esta ausência, Arnulfo de Chocques, a quem o conde de Toulouse e opunha devido ao caso de Pedro Bartolomeu e da Santa Lança, foi eleito o primeiro patriarca latino de Jerusalém a 1º de agosto, sobrepondo-se ao patriarca grego ortodoxo da cidade, Simeão II, que estava refugiado em Chipre. Os sucessores de Simeão ficariam no exílio por mais 80 anos, até a retomada da cidade pelos muçulmanos e a expulsão do patriarca latino.

A 5 de agosto, depois de consultar os sobreviventes locais, Arnulfo descobriria ele mesmo outra relíquia: a verdadeira cruz na qual Cristo teria sido crucificado.

A 12 de agosto teria lugar a última batalha da Primeira Cruzada - em Ascalão, Godofredo de Bulhão e Roberto II da Flandres venceram o Califado Fatímida, com a Vera Cruz na vanguarda do exército. Depois disto, a maioria dos cruzados, entre os quais Roberto da Flandres e Roberto II da Normandia, considerou os seus votos cumpridos e voltou para a Europa. Segundo Fulquério de Chartres, apenas algumas centenas de cavaleiros permaneceram no reino recém-formado.

Na atualidade

O termo “cruzada”, que pode parecer aos ocidentais como sendo um termo elogiável, significa na verdade, uma carnificina sem precedentes contra inocentes do Oriente Médio. Por onde os cruzados passaram deixaram marcas de devastação.

O presidente americano George W. Bush, às vésperas da invasão do Iraque (2003), chegou a falar de uma cruzada contra o terrorismo. Foi rapidamente silenciado pelos seus assessores, que lhe disseram que a palavra cruzada, para o mundo muçulmano, tinha infelizes conotações. À partir de então, o presidente americano riscou este termo de seu, já pouco, vocabulário.

Fonte: Wikipédia


Tags: Primeira Cruzada, Carnificina em Jerusalém, cruzada, carnificina, massacre






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