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RSSNasce Gastão de Orleans, Conde d'Eu
Luís Filipe Maria Fernando Gastão, conde d'Eu (Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston; Neuilly-sur-Seine, 28 de abril de 1842 — Oceano Atlântico, 28 de agosto de 1922), foi um nobre francês, tendo sido conde d'Eu.
Gastão era neto do rei Luís Filipe I da França, tendo renunciado aos seus direitos à linha de sucessão ao trono francês em 1864, quando do seu casamento. Tornou-se príncipe imperial consorte do Brasil por seu casamento com a última princesa imperial de facto, D. Isabel Cristina Leopoldina de Bragança, filha do último imperador do Brasil, Dom Pedro II. Faleceu quando voltava ao Brasil para celebrar o centenário da independência brasileira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1922.
Conde d'Eu e sua esposa a Princesa Imperial Dona Isabel
A Guerra do Paraguai
O conde d'Eu e D. Isabel, princesa imperial do Brasil, estavam viajando pela Europa em lua-de-mel, quando forças paraguaias invadiram as províncias brasileiras de Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
D. Pedro II enviou uma carta ao casal em 1865 exigindo a presença de Gastão no Brasil e que se deslocasse para a cidade de Uruguaiana, no sul do país, para lá se encontrar com o imperador, o Duque de Saxe-Coburgo-Gota e o exército brasileiro. Uruguaiana havia sido conquistada pelo exército paraguaio e as tropas brasileiras, além das aliadas argentinas e uruguaias, haviam criado um cerco à cidade, esperando ou a rendição ou a derrota em batalha da força inimiga. Deste momento, o visconde de Taunay em suas memórias, escreveria que enquanto Gastão "patenteava, em todas as ocasiões, grande interesse pelas coisas do Brasil, observando, perguntando, tudo visitando e tratando de colher minuciosas e exatas informações, o outro [Luís Augusto, duque de Saxe] não mostrava se não desapego e indiferença". Foi nomeado comandante geral da artilharia e presidente da Comissão de Melhoramentos do Exército em 19 de novembro de 1865.
O imperador D. Pedro II com os seus dois genros, o Duque de Saxe-Coburgo-Gota e o Conde D'Eu, em Alegrete, durante a Guerra do Paraguai.
Por duas vezes, ao longo do conflito, Gastão enviou uma solicitação por carta a D. Pedro II para que o autorizasse a combater no Uruguai, mas em ambas as ocasiões, para sua grande decepção, o conselho de Estado votou contra os desejos do conde de ir para a guerra. A razão para a primeira recusa era evitar que a presença do príncipe no conflito pudesse vir a significar no exterior um desejo de conquistar territórios alheios e, para a segunda, era não ser aceitável que o esposo da herdeira do trono estivesse subordinado a um militar brasileiro – neste caso, Luís Alves de Lima e Silva, marquês de Caxias, recém-nomeado comandante-em-chefe aliado. Entretanto, por ser um oficial de alto escalão com suficiente prestígio e notória capacidade, foi convocado para liderar como comandante-em-chefe os exércitos aliados em 1869, após o marquês de Caxias ter-se demitido da função.
O conde não possuía mais vontade alguma de partir para o teatro de operações, não por covardia, mas por achar indigno e desnecessário continuar a guerra somente para caçar Francisco Solano López, o ditador paraguaio, opinião essa compartilhada por boa parte dos brasileiros. Mesmo assim, a nomeação do conde, à altura com apenas 27 anos de idade, em 22 de março de 1869 como novo comandante-em-chefe reanimou a opinião pública brasileira. Quando chegou ao Paraguai, reorganizou o exército brasileiro e demitiu oficiais acusados de saques no território inimigo.
Gastão de Orleans, Conde d'Eu, aos vinte e oito anos de idade (1870).
O conde d'Eu decidiu utilizar táticas diversificadas para ludibriar o exército paraguaio quanto a como e por onde o exército aliado realizaria seus ataques. Na opinião do visconde de Taunay, o conde revelou "grande habilidade estratégica, paciência de experimentado capitão, indiscutível coragem e sangue-frio". Também participou ativamente das batalhas que ocorreram, como em Acosta-Ñu, onde correu grande risco. Foi ideia do príncipe-consorte a de extinguir definitivamente a escravidão no Paraguai, que, segundo Josefina Plá em Hermano Negro: la Esclavitud em el Paraguay, de 1972, possuía cerca de 25 mil escravos, dos quais muitos foram obrigados a lutar na guerra contra a tríplice aliança. Contudo, Gastão sofreu críticas, após descobrir que o general João Manuel Mena Barreto havia falecido (ele morrera ao salvar a vida do conde em um ataque de granada), na batalha que resultou na conquista de Piribebuy, quando ordenou o degolamento do coronel Pablo Caballero, assim como do chefe político da vila, Patrício Marecos.
O Conde d'Eu e seu estado-maior na Vila do Rosário (Paraguai), em 13 de janeiro de 1870.
Em setembro de 1869, desanimado com a falta de condições materiais do exército brasileiro para prosseguir na perseguição a Solano López, e vendo negado pelo imperador seu pedido de pôr término à guerra, o conde d'Eu entrou em depressão e praticamente se retirou da condução de exército aliado na guerra, que viria somente a terminar em 1º de março de 1870, com a morte do ditador paraguaio.
Ao retornar ao Brasil, em 29 de abril de 1870, Gastão foi recebido como herói e com grande manifestação popular, além de ter sido nomeado conselheiro de Estado em 6 de julho do mesmo ano.
Críticas à atuação do conde no Paraguai
Há controvérsias a respeito das práticas adotadas pelo conde d'Eu quando no comando do exército brasileiro no Paraguai. As correntes majoritárias entre historiadores apontam-no como sanguinário, autor de verdadeiros crimes de guerra e sendo um dos mais interessados em prolongar a guerra no encalço de López. O jornalista Júlio José Chiavenato em sua obra Genocídio Americano – A Guerra do Paraguai, de 1979, acusa o conde d´Eu, após a vitória brasileira em Acosta-Ñu, de ter ordenado que se ateasse fogo ao capim seco com o objetivo de assassinar carbonizados os soldados paraguaios feridos que ainda estavam no local. Chiavenato utiliza como fonte as memórias do visconde de Taunay.
Pedro Américo, Batalha de Campo Grande, 1871, Museu Imperial de Petrópolis. O quadro representa o momento em que o Conde d’Eu é impedido de prosseguir no ataque aos paraguaios pelo seu ajudante-de-ordens, capitão Almeida Castro, que segura as rédeas do cavalo montado pelo conde.
Por outro lado, outro jornalista chamado Ricardo Bonalume Neto contesta essa informação apresentada pelo livro em seu artigo escrito para a Folha de S.Paulo. De acordo com o Bonalume Neto, um historiador militar chamado Reginaldo Bacchi teria descoberto uma versão diferente ao ler os escritos do Visconde de Taunay, dando conta que "havia balas que ainda explodiam no campo por causa do incêndio da macega ateado, no princípio da ação, pelos paraguaios, para ocultarem o seu movimento tático". O jornalista, entretanto, não apresenta qualquer artigo científico em específico que contenha tal informação. Também é famosa a história de que o conde d'Eu teria ordenado que incendiassem um hospital repleto de mulheres e feridos (um ato que teria resultado na morte de quase uma centena de pessoas). Quanto a este tema, o jornalista supramencionado considera que, provavelmente, o hospital tenha sido queimado em consequência dos bombardeios no início da batalha direcionados às fortificações paraguaias - muito embora seja improvável que balas de canhão fossem capazes de atear fogo a um edifício.
Monumento em homenagem ao Conde d'Eu, Orleans, Santa Catarina
Últimos anos
Quando a República foi proclamada, em 1889, a família imperial brasileira se retirou em exílio para Portugal. O conde d'Eu permaneceu com D. Isabel e seus filhos na Europa.
Já em 1909, na iminência da renúncia de seu filho D. Pedro de Alcântara aos direitos dinásticos para se casar com a condessa Isabel Dobrzensky de Dobrzenicz, D. Luís Gastão tratou de legitimar junto aos orleanistas seus direitos à sucessão do trono francês, criando para si e seus descendentes o título de príncipe de Orléans e Bragança. Dessa forma, mantinha para seu varão primogênito a condição de príncipe, garantindo para os descendentes deste a possibilidade de se casarem com outros nobres sem o ser morganaticamente.
Retornou ao Brasil em 1921, já viúvo, para repatriar os restos dos imperadores e que atualmente se encontram no Mausoléu Imperial da Catedral de Petrópolis. O conde d'Eu morreu no ano seguinte, de causas naturais, a bordo do navio Massilia, que mais uma vez o trazia ao Brasil, para a celebração do primeiro centenário da independência do país. Ele e a princesa Isabel também estão sepultados atualmente na Catedral de Petrópolis.
Túmulo do Conde d'Eu no Mausoléu Imperial da Catedral São Pedro de Alcântara, Petrópolis
Fonte: Wikipédia
Opinião do internauta
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