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03 de setembro de 1189.

Ricardo, Coração de Leão, é coroado Rei da Inglaterra, em Londres

Ricardo I da Inglaterra, também conhecido como Ricardo Coração de Leão por sua grande reputação como guerreiro e líder militar.

Ricardo I (Oxford, 8 de setembro de 1157 – Châlus, 6 de abril de 1199), também conhecido como Ricardo Coração de Leão por sua grande reputação como guerreiro e líder militar, foi o Rei da Inglaterra de 6 de julho de 1189 até sua morte.

Também foi Duque da Normandia, Aquitânia e Gasconha, Senhor do Chipre, Conde de Anjou, Maine e Nantes e Suserano da Bretanha em vários momentos durante o mesmo período. Ele era o terceiro filho do rei Henrique II de Inglaterra e da rainha Leonor da Aquitânia.

Aos dezesseis anos, Ricardo comandou seu próprio exército, acabando com rebeliões contra seu pai em Poitou. Ele foi o principal comandante cristão durante a Terceira Cruzada, liderando a campanha depois da saída de Filipe II da França, conseguindo consideráveis vitórias contra Saladino, o líder muçulmano, mesmo não tendo conseguido conquistar Jerusalém.

Ricardo falava a língua de oïl, um dialeto francês, e occitana, uma língua falada no sul da França e nas regiões próximas. Ele viveu no Ducado da Aquitânia e passou pouquíssimo tempo na Inglaterra, preferindo usar seu reino como uma fonte de renda para apoiar seus exércitos. Era visto por seus súditos como um herói piedoso. Ricardo permanece até hoje como um dos poucos reis ingleses mais lembrados pelo epíteto do que pelo número régio, sendo uma grande figura icônica na Inglaterra e França.

Primeiros anos

Ricardo era o terceiro filho de Henrique II da Inglaterra e Leonor da Aquitânia, depois de Guilherme, Conde de Poitiers, que morreu criança, e Henrique o Jovem. Foi educado essencialmente pela mãe e quando Leonor decidiu separar-se de Henrique II e ir viver em Poitiers no fim da década de 1170, Ricardo acompanhou-a. Enquanto príncipe, recebeu uma excelente educação, mas sobretudo voltada para a cultura francesa. Ricardo nunca aprendeu a falar inglês e pouca ou nenhuma importância deu à Inglaterra durante a sua vida. Essa "negligência" beneficiou seu irmão João, que posteriormente, quando de sua ausência, na terceira cruzada, tentou-lhe usurpar o poder. João também foi o responsável pela Magna Carta.

Em 1168, tornou-se Duque da Aquitânia em conjunção com Leonor, no âmbito da política de Henrique II em dividir os seus territórios pelos filhos. A medida não obteve os objetivos esperados porque, em 1173, Leonor e Ricardo foram os responsáveis por uma revolta generalizada contra Henrique II que partiu da Aquitânia. O rei controlou os motins no ano seguinte, perdoando a Ricardo e Henrique o Jovem, mas encarcerando Leonor. Talvez por isso e pelo humilhante pedido de desculpas a que foi obrigado, Ricardo nunca se reconciliou totalmente com o pai. Após este episódio, Ricardo teve que lidar ele próprio com diversas revoltas da nobreza da Aquitânia que desejavam vê-lo substituído por um dos irmãos, e que suprimiu com violência.

Com a morte de Henrique o Jovem em 1183, Ricardo torna-se no inesperado sucessor do trono inglês e do Ducado da Normandia. Em 1188, com a relação dos dois que continuava péssima, Henrique II considerou que Ricardo não merecia mais a Aquitânia e tentou entregar este ducado a João I da Inglaterra, o seu filho mais novo. Ricardo, por sua vez, não gostou de se ver preterido pelo irmão e preparou-se para defender o seu território, pedindo ajuda a Filipe II da França. Juntos, responderam à invasão das tropas de Henrique II, que acabou por morrer pouco depois de ter sido derrotado numa batalha em 1189.

Rei e cruzado

Ricardo tornou-se então rei da Inglaterra, duque da Normandia e conde de Anjou, sucedendo ao pai que detestava, sendo coroado em 3 de setembro de 1189, na Abadia de Westminster. Livre para perseguir os seus próprios interesses, Ricardo não permaneceu muito tempo na Inglaterra. Imediatamente após a subida ao trono, começou a preparar a expedição à Terra Santa que seria a Terceira Cruzada. Para tal, não hesitou em esvaziar o tesouro do pai, cobrar novos impostos, vender títulos e cargos por somas exorbitantes a quem os quisesse pagar e até libertar o rei Guilherme I da Escócia dos seus votos de vassalagem por cerca de 10.000 marcos. O único entrave era a ameaça constante que Filipe II de França representava para os seus territórios no continente, e que Ricardo resolveu convencendo-o a juntar-se também à cruzada.

A primeira paragem dos cruzados foi na Sicília em 1190, onde Ricardo e Filipe se imiscuíram na política local, saqueando algumas cidades de caminho. Foi nesta altura e por este motivo que Ricardo comprou a inimizade do Sacro Império e nomeou o sobrinho Artur I, Duque da Bretanha como seu herdeiro.

Em 1191, Ricardo e o seu exército desembarcam em Chipre devido a uma tempestade. A presença de tantos homens foi considerada uma ameaça pelo líder bizantino da ilha, e em breve os conflitos apareceram. A resposta de Ricardo foi violenta: não só se recusou a partir, como massacrou os habitantes das cidades que lhe resistiram, espalhando a destruição na ilha. Depois do cerco de Cantaras, Isaac Comneno abdicou e Ricardo tornou-se o dono de Chipre. Foi também neste ano que casou com a princesa Berengária de Navarra, na ilha de Chipre a 12 de maio de 1191, quando Ricardo se dirigia em cruzada a caminho da Terra Santa. Berengária acompanhou depois o exército durante a primeira parte da campanha. Essa união não produziu descendência.


Representação imaginária da rainha Berengária de Navarra, Rainha consorte da Inglaterra.

Em junho de 1191, Ricardo chegou à Terra Santa a tempo de aliviar o cerco de Acre imposto por Saladino. Estava já sem aliados, depois de uma série de desavenças com Filipe e o duque Leopoldo V da Áustria. A sua campanha foi um sucesso e granjeou-lhe o estatuto de herói, bem como o respeito dos adversários, mas sozinho com o seu exército não poderia nunca realizar o seu principal objetivo de recuperar Jerusalém para o controle cristão. Além disso, a influência de João na política em Inglaterra e de Filipe II, demasiado próximo agora da Aquitânia e Normandia, obrigavam um urgente regresso à Europa. No Outono de 1192, Ricardo iniciou o caminho de volta, depois de se recusar em ver sequer de longe Jerusalém.


Estátua de Ricardo I, em frente ao Palácio de Westminster.

Na viagem de regresso, Ricardo reencontrou Leopoldo da Áustria, que não lhe havia perdoado os insultos recebidos em Acre (Israel), foi feito prisioneiro e mais tarde entregue ao imperador Henrique VI do Sacro Império. O seu cativeiro em Dürnstein, na Áustria, não foi severo e durante os quatorze meses em que foi mantido prisioneiro entre dezembro de 1192 a 4 de fevereiro de 1194, Ricardo continuou a ter acesso aos privilégios que a sua condição de rei determinava. O seu resgate custou 150.000 marcos ao tesouro da Inglaterra, soma equivalente ao dobro da renda anual da coroa, o que colocou o país na absoluta bancarrota e obrigou a muitos impostos adicionais nos anos seguintes. Como prova de agradecimento a Deus pela sua libertação, Ricardo arrependeu-se publicamente dos seus pecados e foi coroado uma segunda vez. Apesar do esforço do país para o libertar, Ricardo abandonou a Inglaterra de novo ainda no mesmo ano de 1194 para lidar com os problemas fronteiriços com a França nos territórios do continente. Desta vez para não mais regressar.


Ruínas do Castelo de Dürnstein, onde Ricardo I foi mantido em cativeiro.

Ricardo morreu como consequência de ferimentos provocados por uma flecha que o atingiu no abdómen em abril de 1199. O próprio facto de ter sido atingido naquela zona do corpo é revelador da sua personalidade. Se tivesse usado uma armadura nesse dia, não teria morrido. O seu corpo está sepultado na Abadia de Fontevraud, junto de Henrique II da Inglaterra e de Leonor da Aquitânia.

O rei Ricardo morreu sem deixar descendentes e foi sucedido pelo seu irmão João Sem Terra.

Na literatura

Ricardo Coração de Leão foi personagem de alguns livros de sir Walter Scott. Apareceu em O Talismã e em Ivanhoé, sendo imortalizado em tais livros.

Uma biografia de Ricardo Coração de Leão foi escrita pela medievalista Régine Pernoud que o chama de "O Rei dos Reis da Terra".

Aparece na literatura fictícia "O Jovem Templário - Guardião do Graal", escrito por Michael P. Spradlin, onde o rei é salvo por Tristan, personagem principal do livro.

Fonte: Wikipédia


Tags: Rei da Inglaterra, Ricardo I, Ricardo Coração de Leão, Cruzada, Inglaterra, Grã-Bretanha, Reino Unido






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