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13 de setembro de 1987.

Uma cápsula de césio, retirada do Instituto Goiano de Radioterapia, é vendida a um ferro-velho. Em outubro, ela causaria uma das maiores contaminações por radiação no país

Acidente com o Césio-137 em Goiânia

O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o Césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada, no centro de Goiânia, em Goiás. Foi classificado como nível 5 (acidentes com consequências de longo alcance) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, que vai de zero a sete, onde o menor valor corresponde a um desvio, sem significação para segurança, enquanto no outro extremo estão localizados os acidentes graves.

O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro velho do local, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.

A natureza da fonte contaminadora

A contaminação em Goiânia originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio - um sal obtido a partir do radioisótopo 137 do elemento químico césio. A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico que, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo. Essa caixa protetora possuía uma janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.

Esquema do cilindro que continha o Césio, composto por: A.) um detentor de fonte radioativa (geralmente chumbo), que retém a radiação excedente; B.) um anel de retenção; C.) a fonte do composto que continha o núcleo de Césio; E.), duas tampas de aço inoxidável; F.) um escudo interno (geralmente de uma liga de tungstênio), que impede a grande saída de radiação; G.) um cilindro de material radioativo, muitas vezes, mas nem sempre de cobalto-60 . No caso do incidente era Césio-137 . O diâmetro da "fonte" é cerca de 30 mm.

A caixa contendo a cápsula radioativa estava, por sua vez, posicionada num contentor giratório que dispunha de um colimador. Este servia para direcionar o feixe radioativo, bem como para controlar a sua intensidade.

Não se pôde conhecer ao certo o número de série da fonte radioativa mas pensa-se que ela tenha sido produzida por volta de 1970 pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos. O material radioativo dentro da cápsula totalizava 0,093 kg e a sua radioatividade era, à época do acidente, de 50,9 TBq (= 1375 Ci).

O equipamento radioterápico em questão era do modelo Cesapam F-3000. Foi projetado nos anos 1950 pela empresa italiana Barazetti e Cia. e comercializado pela empresa italiana Generay SpA.

O objeto que continha a cápsula de césio foi recolhido pelo exército e encontra-se exposto como troféu no interior da Escola de Instrução Especializada, no Rio de Janeiro, em forma de agradecimento aos que participaram da limpeza da área contaminada.

A origem do acidente

O Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) era um instituto privado, localizado na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia. O equipamento que gerou a contaminação na cidade entrou em funcionamento em 1971, tendo sido desativado em 1985, quando o IGR deixou de operar no endereço mencionado. Com a mudança de localização, o equipamento de teleterapia foi abandonado no interior das antigas instalações. A maior parte das edificações pertencentes à clínica foi demolida, mas algumas salas - inclusive aquela em que se localizava o aparelho - foram mantidas em ruínas.


A seta indica o equipamento de radioterapia que continha a cápsula de césio 137.

A contaminação

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar toda a população da região. No total 1000 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo. Destas, 129 pessoas apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta, vindo a desenvolver sintomas e foram apenas medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.

Muitas casas foram esvaziadas, e limpadores a vácuo foram usados para remover a poeira antes das superfícies serem examinadas para detecção de radioatividade. Para uma melhor identificação, foi usada uma mistura de ácido e tintas azuis. Telhados foram limpos a vácuo, mas duas casas tiveram seus telhados removidos. Objetos como brinquedos, fotografias e utensílios domésticos foram considerados material de rejeito. O que foi recolhido com a limpeza foi transferido para o Parque Estadual Telma Ortegal.


Área que abrigava o ferro-velho da Rua 26-A.

Até hoje todos os contaminados ainda desenvolvem enfermidades relativas à contaminação radioativa, fato este muitas vezes não noticiado pela mídia brasileira.

Após vinte e sete anos do desastre radioativo, as várias pessoas contaminadas pela radioatividade reclamam por não estarem recebendo os medicamentos, que, segundo leis instituídas, deveriam ser distribuídos pelo governo. E muitas pessoas contaminadas ainda vivem nas redondezas da região do acidente, entre as Ruas 57, Avenida Paranaíba, Rua 74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás; essas pessoas não oferecem, contudo, mais nenhum risco de contaminação à população.

Em uma casa em que o césio foi distribuído, a residente, esposa do comerciante vizinho à Devair, jogou o elemento radioativo no vaso sanitário e, em seguida, deu descarga. O imóvel ficou conhecido como "casa da fossa". Entretanto, a Saneago alegou que a casa não possuía fossa, sendo construída com cisterna, para a população não pensar que a água da cidade estaria hipoteticamente contaminada.

Fonte: Wikipédia


Tags: acidente radiológico de Goiânia, radiação, césio, césio-137






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