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13 de setembro de 1500.

Chegaram a Calecute as 5 embarcações que restaram da esquadra de Pedro Álvares Cabral

Pedro Álvares Cabral

Pedro Álvares Cabral (Belmonte, 1467 ou 1468 – Santarém, c. 1520) foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português, creditado como o descobridor do Brasil. Realizou a primeira exploração significativa da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre colocada na província interior e recebeu uma boa educação formal.

Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. Aí sua frota, de 13 navios, afastou-se bastante da costa africana, talvez intencionalmente, desembarcando no que ele inicialmente achou tratar-se de uma grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz (Verdadeira Cruz) e que Pêro Vaz de Caminha faz referência. Explorou o litoral e percebeu que a grande massa de terra era provavelmente um continente, despachando em seguida um navio para notificar o rei Manuel I da descoberta das terras. Como o novo território se encontrava dentro do hemisfério português de acordo com o Tratado de Tordesilhas, reivindicou-o para a Coroa Portuguesa. Havia desembarcado na América do Sul, e as terras que havia reivindicado para o Reino de Portugal mais tarde constituiriam o Brasil. A frota reabasteceu-se e continuou rumo ao leste, com a finalidade de retomar a viagem rumo à Índia.

Nessa mesma expedição uma tempestade no Atlântico Sul provocou a perda de sete navios, as seis embarcações restantes encontraram-se eventualmente no Canal de Moçambique antes de prosseguirem para Calecute, na Índia. Cabral inicialmente obteve sucesso na negociação dos direitos de comercialização das especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram o negócio português como uma ameaça ao monopólio deles e provocaram um ataque de muçulmanos e hindus ao entreposto português. Os portugueses sofreram várias baixas e suas instalações foram destruídas. Cabral vingou-se do ataque saqueando e queimando a frota árabe e, em seguida, bombardeou a cidade em represália à incapacidade de seu governante em explicar o ocorrido. De Calecute a expedição rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana, onde Cabral fez amizade com seu governante e carregou seus navios com especiarias cobiçadas antes de retornar para a Europa. Apesar da perda de vidas humanas e de navios, a viagem de Cabral foi considerada um sucesso após o seu regresso a Portugal. Os lucros extraordinários resultantes da venda das especiarias reforçaram as finanças da Coroa Portuguesa e ajudaram a lançar as bases de um Império Português, que se estenderia das Américas ao Extremo Oriente.


Pedro Álvares Cabral aos 32 ou 33 anos de idade em uma pintura do início do século XX. Não há registros de retratos de Cabral contemporâneos à sua época.

Cabral foi mais tarde preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presença mais robusta na Índia, possivelmente como resultado de uma desavença com Manuel I. Tendo perdido a preferência do rei, aposentou-se da vida pública, havendo poucos registros sobre a parte final de sua vida. Suas realizações caíram no esquecimento por mais de 300 anos. Algumas décadas depois da independência do Brasil de Portugal, no século XIX, a reputação de Cabral começou a ser reabilitada pelo Imperador Pedro II do Brasil. Desde então, os historiadores têm discutido se Cabral foi o descobridor do Brasil e se a descoberta foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida pela observação de que os poucos encontros superficiais feitos por exploradores antes dele mal foram notados e em nada contribuíram para o desenvolvimento e a história futuros da terra que se tornaria o Brasil, única nação das Américas onde a língua oficial é o português. Quanto à segunda questão, nenhum consenso definitivo foi formado e a hipótese de descoberta intencional carece de provas sólidas. Não obstante, embora seu prestígio tenha sido ofuscado pela fama de outros exploradores da época, Cabral é hoje considerado uma das personalidades mais importantes da Era dos Descobrimentos


Rota seguida por Cabral de Portugal para a Índia em 1500 (em vermelho) e a rota de retorno (em azul).

Capitão-mor

Em 15 de fevereiro de 1500, Cabral foi nomeado capitão-mor de uma expedição à Índia. Era costume da época a Coroa Portuguesa nomear nobres para comandar expedições navais e militares, independentemente da experiência ou competência profissional deles. Este foi o caso dos capitães dos navios comandados por Cabral — a maioria era nobre como ele. Esta prática era arriscada, uma vez que a autoridade poderia cair nas mãos de pessoas altamente incompetentes e incapacitadas como poderia também cair nas mãos de líderes talentosos como Afonso de Albuquerque ou João de Castro.

Poucos detalhes a respeito dos critérios utilizados pelo governo português para escolher Cabral como chefe da expedição à Índia sobreviveram ao tempo. No decreto real que o nomeou capitão-mor, as razões dadas são "méritos e serviços". Nada mais se sabe sobre estas qualificações. De acordo com o historiador William Greenlee, o rei D. Manuel I "sem dúvida o conhecia bem na corte". Isso, junto com "o papel da família Cabral, a lealdade inquestionável deles à Coroa, a aparência pessoal de Cabral e a capacidade que ele tinha demonstrado na corte e no conselho foram fatores importantes". Também a seu favor pode ter estado a influência de dois de seus irmãos, que faziam parte do conselho do rei. Dado o nível de intriga política presente na corte, Cabral pode ter sido parte de uma facção que favoreceu sua nomeação. O historiador Malyn Newitt subscreve a ideia de algum tipo de manobra oculta, dizendo que a escolha de Cabral "foi uma tentativa deliberada de equilibrar os interesses de facções rivais das famílias nobres, pois parece que ele não possuía qualquer outra qualidade para a recomendação e nenhuma experiência em comandar grandes expedições".


Nau de Pedro Álvares Cabral conforme retratada no Livro das Armadas, atualmente na Academia das Ciências de Lisboa.

Cabral tornou-se o chefe militar da expedição, enquanto navegadores mais experientes foram destacados para a expedição para ajudá-lo em assuntos navais. Os mais importantes deles foram Bartolomeu Dias, Diogo Dias e Nicolau Coelho. Tais navegadores comandariam, junto com os outros capitães, 13 navios e 1500 homens. Desse contingente, 700 eram soldados, embora a maioria fosse composta por plebeus comuns que não tinham nenhum treinamento ou experiência em combate anterior.

A frota tinha duas divisões. A primeira era composta por nove naus e duas caravelas e dirigiu-se rumo a Calecute, na Índia, com o objetivo de estabelecer relações comerciais e uma feitoria. A segunda divisão, constituída por uma nau e uma caravela, zarpou do porto de Sofala, no atual Moçambique. Como recompensa por liderar a frota, Cabral tinha direito a 10 mil cruzados (antiga moeda portuguesa equivalente a aproximadamente 35 kg de ouro) e a comprar 30 toneladas de pimenta, às suas próprias custas, para transportar de volta à Europa. A pimenta poderia então ser revendida à Coroa Portuguesa, livre de impostos. Ele também foi autorizado a importar 10 caixas de qualquer outro tipo de especiaria, livre de impostos. Embora a viagem fosse extremamente perigosa, Cabral tinha a perspectiva de se tornar um homem muito rico caso retornasse com segurança para Portugal com o carregamento. As especiarias eram raras na Europa de então e intensamente solicitadas.

Uma frota anterior tinha sido a primeira a chegar à Índia contornando a África. Essa expedição foi liderada por Vasco da Gama e regressou a Portugal em 1499. Durante décadas Portugal buscara uma rota alternativa para o Oriente que excluísse o Mar Mediterrâneo, então sob controle das repúblicas marítimas italianas e do Império Otomano. O expansionismo de Portugal levaria, primeiramente a uma rota para a Índia e, posteriormente, à colonização um pouco por todo o mundo. O desejo de difundir o cristianismo católico em terras pagãs foi outro fator que motivou a exploração. Havia também uma longa tradição de guerrear contra os muçulmanos, derivada da luta contra os mouros durante a construção da nação portuguesa. A luta expandiu-se primeiramente para o norte da África e, eventualmente, para o subcontinente indiano. Uma ambição adicional que motivava os exploradores era a busca do mítico Preste João — um poderoso rei cristão com o qual se poderia forjar uma aliança contra o Islã. Por fim, a Coroa Portuguesa procurava obter um quinhão no lucrativo comércio de escravos e de ouro no oeste Africano e no comércio das especiarias oriundas da Índia.

Partida e chegada a uma nova terra

A frota, sob o comando de Cabral, então com 32–33 anos de idade, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500 ao meio-dia. No dia anterior, a tripulação tinha recebido uma despedida pública que incluíra uma missa e comemorações com a presença do rei, da corte e de uma enorme multidão. Na manhã de 14 de março, a frota passou por Grã Canária, a maior das Ilhas Canárias. Em seguida, partiu rumo a Cabo Verde, uma colônia portuguesa situada na costa oeste da África, que foi alcançada em 22 de março. No dia seguinte, uma nau com 150 homens, comandada por Vasco de Ataíde, desapareceu sem deixar vestígios.

A frota cruzou a Linha do Equador em 9 de abril de 1500 e navegou rumo a oeste afastando-se o mais possível do continente africano, utilizando uma técnica de navegação conhecida como a volta do mar. Os marujos avistaram algas-marinhas no dia 21 de abril de 1500, o que os levou a acreditar que estavam próximos da costa.

Provou-se estarem certos na tarde do dia seguinte, quarta-feira, 22 de abril de 1500, quando a frota ancorou perto do que Cabral batizou de Monte Pascoal (uma vez que aquela era a semana da Páscoa). O monte localiza-se no que hoje é a costa nordestina do Brasil.


Desembarque de Cabral em Porto Seguro
, óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva, 1922. Acervo do Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro).

Os portugueses detectaram a presença de habitantes na costa, e os capitães de todos os navios reuniram-se a bordo do navio de Cabral no dia 23 de abril. Cabral mandou Nicolau Coelho, capitão que havia viajado com Vasco da Gama à Índia, para desembarcar e estabelecer contato. Ele pisou na terra e trocou presentes com os indígenas. Após Coelho voltar, Cabral ordenou que a frota rumasse ao norte, onde, após 65 km de viagem, ancorou em 24 de abril no local que o capitão-mor chamou de Porto Seguro. O lugar era um porto natural, e Afonso Lopes (piloto do navio principal) trouxe dois índios a bordo para conversarem com Cabral.

Assim como no primeiro contato, o encontro foi amistoso e Cabral ofereceu presentes aos nativos. Os habitantes eram caçadores-coletores da idade da pedra, a quem os europeus atribuiriam o rótulo genérico de "índios". Os homens coletavam alimento por meio da caça e da pesca, enquanto as mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Eles se dividiam em inúmeras tribos rivais. A tribo que Cabral encontrou foi a tupiniquim. Alguns deles eram nômades e outros sedentários — tendo conhecimento do fogo, mas não dos metais. Algumas poucas tribos praticavam o canibalismo. Em 26 de abril (domingo de Páscoa), conforme cada vez mais nativos curiosos apareciam, Cabral ordenou aos seus homens a construção de um altar em terra, onde uma missa católica foi celebrada por Henrique de Coimbra — a primeira a sê-lo no solo do que mais tarde viria a ser o Brasil.


A Primeira Missa no Brasil.

Foi oferecido vinho aos índios, que não gostaram da bebida. Os portugueses mal sabiam que estavam lidando com um povo que ostentava vasto conhecimento de bebidas alcoólicas fermentadas, obtendo-as de raízes, tubérculos, cascas, sementes e frutos, perfazendo mais de oitenta tipos.

Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de madeira — talvez com sete metros de altura. Cabral constatou que a nova terra estava a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha que tinha sido estabelecida no Tratado de Tordesilhas. O território estava, portanto, dentro do hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal sobre aquelas terras, ergueu-se a cruz de madeira e uma segunda missa foi celebrada em 1 de maio. Em honra à cruz, Cabral nomeou a terra recém-descoberta de Ilha de Vera Cruz. No dia seguinte, um navio de suprimentos sob o comando de Gaspar de Lemos ou André Gonçalves (há um conflito entre as fontes sobre quem foi enviado), retornou para Portugal para informar o rei da descoberta, por meio da carta escrita por Pero Vaz de Caminha.


Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, comunicando sobre o descobrimento da Ilha de Vera Cruz (Brasil).

Viagem à Índia

Tragédia ao largo do sul da África

A frota retomou sua viagem em 2 ou 3 de maio de 1500, navegando ao longo da costa leste da América do Sul. Ao fazê-lo, Cabral convenceu-se de que tinha encontrado um continente inteiro, ao invés de uma ilha. Por volta do dia 5 de maio, a esquadra virou para leste em direção à África. Em 23 ou 24 de maio, os navios encontraram uma tempestade na zona de alta pressão do Atlântico Sul, resultando na perda de quatro navios. O local exato do desastre é desconhecido — as especulações variam desde perto do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano até um local "à vista da costa sul-americana". Três naus e a caravela comandada por Bartolomeu Dias — o primeiro europeu a dobrar o Cabo da Boa Esperança em 1488 — naufragaram, perdendo-se 380 homens.

Os navios restantes, prejudicados pelo mau tempo e com seus aparelhos danificados, separaram-se. Um dos navios que se havia separado, comandado por Diogo Dias, vagou sozinho adiante, enquanto os outros seis lograram reagrupar-se. Reuniram-se em duas formações de três navios cada, e o grupo de Cabral navegou rumo ao leste, passando pelo Cabo da Boa Esperança. Determinada a sua posição e avistando terra, viraram para o norte e desembarcaram em algum lugar no arquipélago das Ilhas Primeiras e Segundas, ao largo da África oriental e ao norte de Sofala. A frota principal permaneceu perto de Sofala por dez dias enquanto era reparada. A expedição, em seguida, rumou ao norte, chegando a Quíloa em 26 de maio de 1500, onde Cabral fez uma tentativa fracassada de negociar um tratado comercial com o rei local.

De Quíloa, a frota partiu para Melinde, onde desembarcou em 2 de agosto de 1500. Cabral reuniu-se com o rei local, com quem estabeleceu relações de amizade e trocou presentes. Também em Melinde foram recrutados pilotos para a última etapa da viagem à Índia. Antes do destino final, desembarcaram em Angediva, uma ilha onde os navios a caminho de Calecute se abasteciam. Ali, os navios foram puxados para a praia, calafetados e pintados. Foram feitos os últimos preparativos para o encontro com o governante de Calecute.

Massacre em Calecute

A frota partiu de Angediva e chegou a Calecute em 13 de setembro de 1500. Cabral obteve êxito nas negociações com o samorim (título dado ao governante de Calecute) e obteve autorização para instalar uma feitoria e um armazém na cidade-estado. Na esperança de melhorar ainda mais as relações, Cabral despachou seus homens em várias missões militares a pedido do Samorim. No entanto, em 16 ou 17 de dezembro, a feitoria sofreu um ataque de surpresa por cerca de 300 (de acordo com outros relatos, talvez até milhares) árabes muçulmanos e indianos hindus. Apesar da defesa desesperada dos besteiros, mais de 50 portugueses foram mortos. Os defensores restantes se retiraram para os navios, alguns a nado. Pensando que o ataque fora resultado de incitação não-autorizada de comerciantes árabes invejosos, Cabral esperou 24 horas para obter uma explicação do governante de Calecute, mas nenhum pedido de desculpas foi apresentado.

Os portugueses ficaram indignados com o ataque à feitoria e com a morte de seus companheiros e atacaram 10 navios mercantes dos árabes ancorados no porto. Mataram cerca de 600 tripulantes e confiscaram o carregamento antes de incendiar os navios. Cabral também ordenou que seus navios bombardeassem Calecute por um dia inteiro em represália à violação do acordo. O massacre foi atribuído, em parte, à animosidade portuguesa em relação aos muçulmanos, resultante de séculos de conflitos com os mouros na Península Ibérica e no norte da África. Além disso, os portugueses estavam determinados a dominar o comércio de especiarias e não tinham a intenção de permitir que a concorrência florescesse. Os árabes também não tinham interesse em permitir que os portugueses quebrassem seu monopólio sobre as especiarias. Os portugueses haviam começado por insistir em que lhes fosse dado tratamento preferencial em todos os aspectos do comércio. A carta de D. Manuel I entregue por Cabral ao governante de Calecute — traduzida pelos intérpretes árabes deste — pedia a exclusão dos comerciantes árabes. Os comerciantes muçulmanos, acreditando que estavam prestes a perder suas oportunidades comerciais e sua forma de subsistência, teriam tentado colocar o governante hindu contra os portugueses. Portugueses e árabes eram muito desconfiados uns dos outros, em cada ação.

Para o historiador William Greenlee, os portugueses perceberam que "eram poucos em número e que aqueles que viriam à Índia nas frotas futuras também estariam sempre em desvantagem numérica; então esta traição deveria ser punida de forma tão decisiva que os portugueses fossem temidos e respeitados no futuro. Era a sua artilharia superior que lhes permitiria realizar esse objetivo". Assim sendo, os portugueses estabeleceram um precedente para o comportamento dos exploradores europeus na Ásia durante os séculos seguintes.

Retorno a Portugal

Avisos nos relatos da viagem de Vasco da Gama à Índia levaram o rei Manuel I de Portugal a informar Cabral a respeito de outro porto, ao sul de Calecute, onde também se poderiam estabelecer relações comerciais. A cidade em questão era Cochim, onde a frota desembarcou em 24 de dezembro de 1500. Cochim era nominalmente um território vassalo de Calecute, assim como também era dominado por outras cidades-estados indianas. O governante de Cochim estava ansioso para conseguir a independência da cidade, e os portugueses estavam dispostos a explorar a desunião indiana — como os britânicos também fariam 300 anos mais tarde. A tática acabaria por assegurar a hegemonia portuguesa sobre a região. Cabral forjou uma aliança com o governante de Cochim, e com líderes de outras cidades-estados, sendo capaz de estabelecer uma feitoria. Por fim, carregada de especiarias preciosas, a frota foi para Cananor, a fim de comerciar uma vez mais antes de partir em sua viagem de retorno a Portugal em 16 de janeiro de 1501.

A expedição dirigiu-se para a costa leste da África. Um dos navios encalhou em um banco de areia e começou a afundar. Como não havia espaço nos demais navios, a carga foi abandonada e Cabral ordenou que a nau fosse incendiada. Em seguida, a frota prosseguiu em direção à Ilha de Moçambique (a nordeste de Sofala), a fim de se prover de mantimentos para que os navios estivessem prontos para a agitada passagem em torno do Cabo da Boa Esperança. Uma caravela foi enviada para Sofala — outro dos objetivos da expedição. Uma segunda caravela, considerada o navio mais veloz da frota e capitaneada por Nicolau Coelho, foi enviada à frente das demais para dar ao rei o aviso prévio sobre o sucesso da viagem. Um terceiro navio, comandado por Pedro de Ataíde, separou-se da frota após partir de Moçambique.

Em 22 de maio de 1501, a frota — agora reduzida a apenas dois navios — passou pelo Cabo da Boa Esperança. Chegaram em Bezeguiche (atual cidade de Dakar, localizada perto de Cabo Verde), em 2 de junho de 1501. Ali, encontraram não só a caravela de Nicolau Coelho como também a nau comandada por Diogo Dias — que se encontrava perdida por mais de um ano após o desastre no Atlântico Sul. A nau havia passado por várias aventuras e estava em péssimas condições, sendo que apenas sete homens doentes e malnutridos estavam a bordo — um dos quais estava tão fraco que morreu de felicidade ao ver seus companheiros novamente. Outra frota portuguesa também foi encontrada ancorada em Bezeguiche. Após D. Manuel I ter sido informado da descoberta do Brasil, enviou uma frota menor para explorá-lo. Um de seus navegadores era Américo Vespúcio (explorador italiano cujo nome designaria a América), que contou a Cabral detalhes de sua exploração, confirmando-lhe que havia de fato desembarcado num continente inteiro e não apenas numa ilha.

A caravela de Nicolau Coelho partiu primeiro de Bezeguiche e chegou a Portugal em 23 de junho de 1501. O navio de Cabral ficou para trás, à espera do navio desaparecido de Pedro de Ataíde e da caravela que havia sido enviada para Sofala. Ambos os navios acabaram por aparecer e Cabral chegou a Portugal em 21 de julho de 1501, com os outros navios chegando durante os dias seguintes. Ao todo, dois navios voltaram vazios, cinco estavam completamente carregados e seis foram perdidos. No entanto, as cargas transportadas pela frota geraram lucros de até 800% para a Coroa Portuguesa. Após as especiarias serem vendidas, as receitas cobriram os custos de equipamento da frota e dos navios que foram perdidos, gerando um lucro que por si só excedia a soma total desses custos. "Sem desanimar pelas perdas sem precedentes que havia sofrido, quando chegou à costa do leste africano, Cabral seguiu adiante com a realização da tarefa que lhe tinha sido atribuída e foi capaz de inspirar os oficiais e homens sobreviventes com coragem igual", afirma o historiador James McClymont. "Poucas viagens para o Brasil e Índia foram tão bem executadas como a de Cabral", afirmou o historiador Bailey Diffie, para quem a viagem estabeleceu um caminho entre a abertura imediata "de um império marítimo português da África ao Extremo Oriente", e mais tarde a um "império terrestre no Brasil".

Fonte: Wikipédia


Tags: Cabral, Pedro Álvares Cabral, Calecute, Índia, Calicute, Pero Vaz de Caminha, Descobrimento do Brasil, descobrimento, Brasil, Era dos Descobrimentos, Vera Cruz






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