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RSSSaladino derrota os Cruzados e conquista Jerusalém
O Cerco de Jerusalém foi uma decisiva batalha travada pelo controle de Jerusalém, entre 20 de setembro a 2 de outubro de 1187, quando os homens de Balião de Ibelin renderam a cidade a Saladino, um poderoso sultão árabe.
Esta derrota dos cristãos assinalou o fim do primeiro Reino de Jerusalém. A Europa respondeu em 1189 lançando mais uma expedição militar, a Terceira Cruzada, liderada por Ricardo I da Inglaterra, Filipe II de França e por Frederico I, Sacro Imperador Romano-Germânico (cada um destes liderando incursões separadas).
Contexto
O Reino de Jerusalém, que perdurava fazia quase um século, sofria com disputas internas. O recém coroado rei, Guy de Lusignan, enviou boa parte dos exércitos da cidade para enfrentar as forças de Saladino, Sultão do Egito e Síria. Os dois confrontaram-se na Batalha de Hattin a 4 de julho de 1187, que acabou sendo um fracasso humilhante para os cruzados.
Saladino e Guy de Lusignan após a Batalha de Hattin (1187).
O exército de Jerusalém fora praticamente destruído ou dispersado, e boa parte da nobreza local, incluindo o Rei Guy, acabou sendo capturada. Em setembro, os muçulmanos já dominavam boa parte das regiões vizinhas de Jerusalém. As tropas de Saladino já assumiram o controle das fortalezas cruzadas em Acre, Nablus, Jafa, Toron, Sídon, Beirute e Ascalão.
Balião, senhor de Ibelin, foi um dos poucos lordes que sobreviveram ou escaparam a captura em Hattin. Ele, e outros sobreviventes, tomaram refúgio em Tiro. Balião contatou Saladino e pediu salvo-conduto para Jerusalém, com o propósito de buscar sua esposa, Maria Comnena. O Sultão concordou. Contudo, ao chegar na cidade, Heráclio, Patriarca de Jerusalém e arcebispo de Cesareia, e a Rainha Sibila rogaram que ele permanecesse. Balião concordou e começou a planejar as defesas da cidade.
A situação de Jerusalém era precária. A cidade transbordava de refugiados da guerra e havia poucos cavaleiros. Balião então promoveu ao menos 60 escudeiros e jovens soldados ao título de cavaleiro e começou a estocar comida, armas e dinheiro. Saladino também se preparava para a batalha, trazendo reforços do Egito e da Síria. Seu exército era, naquela época, vastamente superior numericamente as forças dos cruzados.
Saladino, sentado ao centro, senhor dos Sarracenos.
A batalha
Apesar das negociações, ambos os lados se preparavam para a guerra. Saladino exigia a rendição da cidade, mas Balião queria negociar em uma posição mais favorável. Em 20 de setembro de 1187 a cidade já estava completamente cercada. Por dias, os muçulmanos começaram a bombardear Jerusalém com disparos de catapultas e manganelas. Pedras incendiárias cobertas com fogo grego eram disparadas por pesados trabucos.
Por pelo menos seis dias, escaramuças se seguiram com poucos resultados. As forças de Saladino investiram diretamente contra os muros da cidade diversas vezes, mas não conseguiram quebrar suas defesas. Os sarracenos então focaram seus ataques pelo Monte das Oliveiras, em uma área pouco protegida. Em 29 de setembro, os muros daquela região cederam. Balião e os defensores cruzados, exauridos pela batalha, não tinham como defender a cidade por muito mais tempo. Em outubro, as negociações recomeçaram. Saladino permitiu que os habitantes da cidade pudessem deixa-la, mediante o pagamento de uma taxa (ou resgate). Balião argumentou que havia pelo menos 20 mil refugiados que não tinham dinheiro o suficiente para pagar o valor. O sultão então concordou em baixar os valores. Mais tarde, mulheres, crianças, velhos e doentes foram permitidos partir sem pagar nada. Ao menos outras milhares de pessoas também foram permitidas evacuar a cidade.
Em 2 de outubro de 1187, Balião entregou a Torre de Davi, o principal ponto de defesa de Jerusalém. No mesmo dia, as últimas caravanas de refugiados deixaram a cidade e as tropas de Saladino adentraram na capital do reino. Balião se juntou a sua esposa em Trípoli. Heráclio, arcebispo da cidade, teria partido levando consigo todos os tesouros e relíquias das igrejas locais. Como parte do acordo firmado com Balião para a rendição de Jerusalém, Saladino permitiu que peregrinos cristãos tivessem salvo-conduto para visitar seus locais sagrados na cidade. Quando os cristãos conquistaram Jerusalém pela primeira vez em 15 de julho de 1099, eles massacraram todos os considerados "infiéis" (não cristãos); muçulmanos, judeus e cristãos do oriente.
Muitos muçulmanos tentaram refugiar-se na mesquita de Al-Aqsa, onde "…a matança foi tão grande que os nossos homens patinhavam em sangue até aos tornozelos…" e, segundo Raimundo de Aguilers: "os homens andavam a cavalo com sangue até os joelhos e os freios".
O cronista Ibn al-Qalanisi escreveu que os defensores judeus procuraram refúgio na sua sinagoga, mas os "francos incendiaram-na sobre as suas cabeças", matando todos os que estavam lá dentro. Os cruzados circundaram o edifício em chamas enquanto cantavam "Cristo, Adoramos-vos!".
Por tudo isso, temia-se que o sultão também massacrasse os habitantes que não haviam conseguido fugir, contudo Saladino acabou tratando os povos conquistados com surpreendente generosidade.
Balião entrega a cidade de Jerusalém a Saladino, c. 1490.
Enquanto isso, notícias da desastrosa derrota em Hattin chegaram a Europa. A conquista completa das terras ao redor de Jerusalém só viria no verão de 1187. Planos começaram então a ser feitos para uma nova incursão militar. Em 29 de outubro, antes mesmo que as notícias da queda de Jerusalém chegassem ao continente, o Papa Gregório VIII emitiu uma bula pontifícia (a Audita tremendi), convocando uma nova cruzada, a terceira, denominada de Cruzada dos Reis. A expedição partiria apenas em 1189, com três contingentes separados, vindos da Inglaterra, da França e da Alemanha. A nova cruzada, contudo, não conseguiu reaver Jerusalém para os cristãos.
Fonte: Wikipédia
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