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13 de abril de 2015.

Morre Günter Grass, Nobel de literatura e personagem controverso

Günter Grass, na Feira do Livro de Frankfurt, em 9 de outubro de 2004

Günter Wilhelm Grass (Danzig, 16 de outubro de 1927 – Lübeck, 13 de abril de 2015) foi um autor, romancista, dramaturgo, poeta, intelectual e artista plástico alemão. Sua obra alternou a atividade literária com a escultura, enquanto participava de forma ativa da vida pública de seu país. Recebeu o Nobel de Literatura de 1999. Também é reconhecido como um dos principais representantes do teatro do absurdo da Alemanha. Seu nome é por vezes grafado Günter Graß.

Biografia

Günter Wilhelm Grass estudou em Danzig (hoje Gda?sk, Polónia) e, aos dezessete anos, foi convocado a servir nas forças armadas da Alemanha nazista na Waffen-SS. Ferido na guerra em 1945, foi preso em Marienbad, então Checoslováquia, e libertado no ano seguinte. Trabalhou em minas e fazendas e como aprendiz de pedreiro e estudou desenho e escultura na Academia de Arte de Düsseldorf no final da década e frequentou a Academia de Artes de Berlim de 1953 a 1955.

Já escrevia poemas, lidos para um grupo de escritores influentes, o Grupo 47, mas só depois de mudar para Paris, em 1956, passou a se dedicar à literatura e publicou seu primeiro êxito como escritor, o romance de crítica social "Die Blechtrommel" (O tambor, 1956). Seguiram-se "Katz und Maus" (1961) e "Hundejahre" (1963). Também escreveu poesias e peças de teatro, como em "Noch zehn Minuten bis Buffalo" (1957) e "Die Plebejer proben den Aufstand" (1965). De ideais políticos de esquerda, participou de forma ativa da vida pública de seu país e provocou polêmica em torno de sua produção, renovou a literatura alemã do pós-guerra por meio de textos de ironia e do grotesco, especialmente satirizando a complacente atmosfera do milagre econômico da reconstrução pós-nazista. Entre essas obras de produção mais recente está "Unkenrufe" (1992), traduzido no Brasil como Maus Presságios.

Com uma obra que contesta, desde o início, as ideias nazistas que o atraíram na juventude, hoje é considerado o porta-voz literário da geração alemã que cresceu durante o nazismo, e descreve a si mesmo como um Spätaufklärer, um devoto da iluminação em uma era cansada da razão. Ainda se destacam as novelas "Der Butt" (O linguado) (1977), "Das Treffen in Telgte" (1979) e "Die Rättin" (A ratazana) (1986).

Grass casou-se com a dançarina Anna Margareta Schwarz em 1956, da qual se divorciou em 1978. Casou-se novamente em 1979, em Calcutá, com a organista Ute Grunert.

Morreu na manhã de 13 de abril de 2015 em Lübeck, em decorrência de infecção pulmonar.

Günter Grass e sua participação na Waffen-SS

Recentemente o mundo se chocou com a declaração de Grass, no seu novo livro "Descascando a cebola", de caráter autobiográfico, de sua participação como membro das Waffen-SS (tropa de elite do exército do Reich). Esta revelação fez muitos escritores e jornalistas posicionarem-se a respeito. Alguns desses posicionamentos foram publicados no jornal "O Estado de S. Paulo", no dia 27 de agosto de 2006. Os argumentos dividiram-se basicamente em dois, de um lado estavam os que declaravam que isso não invalidava o valor de seus romances, e que é preciso separar o escritor de sua obra, além de considerarem a pouquíssima idade de Grass quando atuou na Waffen-SS. Do outro, questionaram a demora de Grass em revelar esta participação.

O escritor português José Saramago declarou: "Nunca separei o escritor da pessoa que o escritor é. A responsabilidade de um é a responsabilidade de outro". Já o editor brasileiro Luiz Schwarcz comentou: "Não se pode confundir obra e autor." John Berger, escritor, em um texto originalmente publicado pelo jornal The Guardian, questiona o julgamento a Günter Grass: "A ética determina escolhas e ações e sugere prioridades difíceis. Nada tem a ver com o julgamento das ações dos outros. Tais julgamentos são prerrogativa dos moralistas. Na ética existe humildade; os moralistas acham que estão certos." Em uma entrevista concedida a Der Spiegel, Grass comenta a repercussão que sua atuação na tropa nazista teve e explica-se diante de alguns questionamentos.

Ao ser indagado quanto a demora para a revelação, o escritor alemão declarou: "Acreditava que minha obra como escritor e cidadão era suficiente.", e acrescenta que sempre sentiu vontade de escrever sobre suas experiências, mas num contexto adequado.

O entrevistador da revista Der Spiegel, Ulrich Wickert faz ainda uma relação com um trecho do livro autobiográfico Descascando a Cebola e o romance O Tambor, buscando no romance um sentimento já revelador desta culpa de atos passados e sua justificação pela pouca idade: "No instante em que invoco o garoto de treze anos que eu era na época, em que o tomo como incumbência, e me sinto tentado a julgá-lo, ele me escapa. Ele não quer ser avaliado ou julgado. Foge para o colo da mãe e diz: 'Eu era apenas um garoto, apenas um garoto.'." (Descascando a Cebola).

"Não sou responsável pelas coisas que fiz quando criança." (Personagem Oskar em O Tambor).

Em um outro romance ainda podemos verificar o aparecimento de um possível traço autobiográfico e sua relação com este sentimento de culpa, trata-se de Maus presságios. É revelado sobre os protagonistas Alexandre e Alexandra: "Não era necessário remexer no passado, porque as poucas aventuras à margem traziam lembranças inexatas ou mal ordenadas. E o fato de que ele, aos quatorze anos e meio, tivesse sido soldado e ela, aos dezessete, membro entusiasta da organização das juventudes comunistas era perdoado aos dois, mutuamente, como defeitos congênitos de sua geração; não era preciso descer a nenhum abismo; até porque ele, nos momentos em que duvidava de si próprio, dizia que tinha de lutar continuamente contra o jovem hitlerista que tinha dentro de si…"

Em 2012, tornou a atrair críticas ao publicar um poema em quem questionava a disposição do Ocidente em ignorar o programa nuclear de Israel e definia o país como uma ameaça à paz mundial. Por suas declarações, foi considerado persona non grata em Israel.

Fonte: Wikipédia


Tags: Livro, literatura, Nobel, autor, romancista, dramaturgo, poeta, intelectual, artista plástico, nazismo, Waffen-SS, Günter Wilhelm Grass






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