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05 de março de 1933.

Eleições alemãs de 1933 transcorreram em clima de intimidação

Paul von Hindenburg: também presente na propaganda dos nazistas.

No dia 5 março de 1933, o Reich alemão escolhia seu novo parlamento. Mas prisões arbitrárias e terror praticado pelos nazistas durante a campanha eleitoral fizeram do último pleito parcialmente democrático uma farsa.

Em fevereiro de 1933, toda a Alemanha se encontrava em campanha eleitoral. o povo estava convocado para definir, no dia 5 de março de 1933, a nova composição do Bundestag, o parlamento nacional. No entanto, apenas um único assunto dominava o debate político: o recente incêndio da sede do Reichstag e a suposta tentativa de golpe por parte dos comunistas.

O chanceler do Reich Adolf Hitler e outras lideranças nacional-socialistas exploraram esse tema em suas campanhas, atiçando propositalmente o temor de uma revolução comunista. Numa onda de terror nunca antes vista, Hitler e seus asseclas disseminavam o medo e o pânico por todo o país.

País em estado de exceção


Adolf Hitler vota.

No país reinava o estado de exceção político, desde o incêndio do Reichstag, em 27 de fevereiro de 1933. Seguranças altamente armados patrulhavam prédios públicos, a polícia procurava por suspeitos nos trens de passageiros. Nas ruas, soldados da tropa de ataque nazista SA (Sturmabteilung), caçavam os inimigos do regime, com a ajuda de policiais.

E achar inimigos era coisa fácil. Pois, desde que o presidente do Reich, Paul von Hindenburg, assinara o documento que ficou conhecido como "Decreto do Incêndio do Reichstag", os direitos fundamentais garantidos pela Constituição estavam suspensos e nulos.


O Reichtag queimando enquanto os bombeiros tentam apagar o fogo.

Os comunistas eram o principal alvo dos nacional-socialistas. O patrimônio do Partido Comunista da Alemanha (KPD) fora confiscado e os jornais comunistas sumariamente proibidos. Milhares de partidários do KPD, mas também social-democratas, foram presos ou obrigados a fugir para o exterior. "Aqui não tenho que exercer justiça, mas apenas que exterminar e erradicar", afirmava Hermann Göring, então chefe da polícia prussiana.

Hitler em todos os lares


Cartaz do NSDAP usa incêndio no Reichstag para propaganda política

Ao mesmo tempo, os nazistas ativavam sua máquina de propaganda. O ministro Joseph Goebbels declarou o 5 de março de 1933, data das eleições, "Dia da Nação que Desperta". Enquanto se atiçava o medo de um golpe comunista, Adolf Hitler era estilizado como salvador da pátria. Com grande sucesso: "É preciso apoiá-lo agora em sua causa, com todos os meios", exortava em Hamburgo uma adepta do NSDAP, o partido nacional-socialista.

Os nazistas empregavam todos os meios modernos em sua campanha eleitoral. No rádio, no cinema ou por via aérea, Hitler era onipresente em todo o território do Reich. Em 4 de março de 1933, um dia antes da fatídica votação, ele proferiu um discurso final em Kaliningrado, Prússia Oriental.

Por sua vez, os adversários políticos, como os socialdemocratas, tinham sua campanha eleitoral dificultada com violência: membros da SA invadiam seus comícios e espancavam os participantes, enquanto a polícia assistia impassível. Redações dos jornais de oposição eram devastadas e destruídas. Esses atos de terror deixaram um saldo de 69 mortos.

O "popular" Hitler


Cédula eleitoral: NSDAP em primeiro lugar.

No dia 5 de março de 1933, um domingo, hordas de alemães se deslocaram rumo às urnas. A participação nas eleições foi elevada, quase 89%. Hitler contava com uma vitória esmagadora, mas os alemães iriam decepcioná-lo: apenas 43,9% dos votos foram para o NSDAP, o que significava 288 dos 647 assentos do Reichstag.

Embora os nazistas tivessem obtido um crescimento de quase 11% em relação ao pleito anterior, também dessa vez o percentual atingido não bastava que governassem sozinhos. Além disso, apesar de todo o terror pré-eleições, o KPD saiu com 12,3% dos votos, e os socialdemocratas do SPD com admiráveis 18,3%.

No entanto, a oposição não conseguiu tirar das mãos dos nazistas o poder parlamentar. Junto com seus outros parceiros, os nazistas dispunham de maioria estável para governar. E Hitler ainda tinha a seu favor o fato de o partido ter sido eleito com votos de todas as classes e camadas sociais. O NSDAP se tornara um verdadeiro Volkspartei, um "partido do povo". Grande parte dos antigos abstinentes haviam agora apoiado a legenda nazista.

Caráter puramente simbólico


Paul von Hindenburg: também presente na propaganda dos nazistas.

Mas o resultado das últimas eleições do Reich alemão ainda meio livres, embora antecedidas por um terror sem precedentes, só teve significado simbólico: os mandatos dos deputados comunistas foram cassados, e o SPD viria a ser proibido pouco depois. Enquanto isso, o regime nazista ampliava sua política de terror, que em breve se estenderia também aos judeus.

Em seu diário, o então professor alemão de origem judaica Victor Klemperer descreveu com resignação o ocaso da moral e da liberdade dos alemães, que se dava praticamente sem qualquer resistência: "É surpreendente como tudo pode desmoronar tão rapidamente".

Afinal de contas, no pleito do 5 de março de 1933, os alemães ainda haviam podido escolher entre diferentes facções políticas. Nas eleições seguintes, em novembro de 1933, só havia um único partido: o dos nazistas.

Fonte: Deutsche Welle


Tags: nazismo, Adolf Hitler, Partido Nazista, Reich, Alemanha






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