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27 de abril de 1940.

Segunda Guerra Mundial: Heinrich Himmler, o Reichsführer da SS, deu ordens para que a área dos antigos alojamentos da artilharia do exército, no local agora oficialmente nominado Auschwitz, fosse transformada em campos de concentração

Portão principal de Auschwitz I, onde se lê a frase 'Arbeit macht frei' (O trabalho liberta).

Auschwitz é o nome de uma rede de campos de concentração localizados no sul da Polônia operados pelo Terceiro Reich nas áreas polonesas anexadas pela Alemanha Nazista, maior símbolo do Holocausto perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.

A partir de 1940, o governo de Adolf Hitler construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio nesta área. A razão direta para sua construção foi o fato de que as prisões em massa de judeus, especialmente poloneses, por toda a Europa que ia sendo conquistada pelas tropas nazistas, excediam em grande número a capacidade das prisões convencionais até então existentes. Ele foi o maior dos campos de concentração nazistas, consistindo de Auschwitz I (Stammlager, campo principal e centro administrativo do complexo); Auschwitz II–Birkenau (campo de extermínio), Auschwitz III–Monowitz, e mais 45 campos satélites.


Localização do complexo de Auschwitz e de outros campos na região Polônia–Alemanha.

Por um longo tempo, Auschwitz era o nome alemão dado a Oświęcim, na Baixa Polônia, a cidade em volta da qual os campos eram localizados. Ele tornou-se novamente oficial após a invasão da Polônia pela Alemanha em setembro de 1939. "Birkenau", a tradução alemã para Brzezinka (floresta de bétulas), referia-se originalmente a uma pequena vila polonesa que foi destruída para que o campo pudesse ser construído.

Em 27 de abril de 1940, Heinrich Himmler, o Reichsführer da SS, deu ordens para que a área dos antigos alojamentos da artilharia do exército, no local agora oficialmente nominado Auschwitz, ex-Oświęcim, fosse transformada em campos de concentração.

Os primeiros prisioneiros (30 criminosos alemães trazidos de Sachsenhausen) chegaram em 20 de maio de 1940. Foram trazidos com a intenção de destiná-los a atuar como funcionários dentro do sistema prisional. O primeiro transporte de prisioneiros poloneses para o campo, 728 deles, incluindo 20 judeus, chegou em 14 de junho de 1940, vindo da prisão de Tarnów, no sudeste da Polônia. Eles foram internados no antigo edifício da Polish Tobacco Monopoly, vizinho à área, até que o campo estivesse pronto. A população foi crescendo rapidamente, à medida que o complexo recebia dissidentes, intelectuais e membros da resistência polonesa presos. Em março de 1941, ele tinha 10.900 prisioneiros, a maioria dos quais poloneses.

A primeira mulher chegou ao campo em 26 de março de 1942.

No complexo construído, Auschwitz II–Birkenau foi designado por ele como campo de extermínio e o lugar para a Solução Final dos judeus. Entre o começo de 1942 e o fim de 1944, trens transportaram judeus de toda a Europa ocupada para as câmaras de gás do campo.

O primeiro comandante, Rudolf Höss, testemunhou depois da guerra, no Julgamento de Nuremberg, que mais de três milhões de pessoas haviam morrido ali, 2.500.000 gaseificadas e 500.000 de fome e doenças.

Hoje em dia os números mais aceitos são em torno de 1,3 milhão, sendo 90% deles de judeus. Outros deportados para Auschwitz e executados foram 150 mil poloneses, 23 mil ciganos romenos, 15 mil prisioneiros de guerra soviéticos, cerca de 400 Testemunhas de Jeová e dezenas de milhares de pessoas de diversas nacionalidades.

Aqueles que não eram executados nas câmaras de gás morriam de fome, doenças infecciosas, trabalhos forçados, execuções individuais ou experiências médicas.

Em 27 de janeiro de 1945 os campos foram libertados pelas tropas soviéticas, dia este que é comemorado mundialmente como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, assim designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, resolução 60/7, em 1º de novembro de 2005, durante a 42º sessão plenária da Organização.


Portão principal de Auschwitz I, onde se lê a frase 'Arbeit macht frei' ('O trabalho liberta').

Em 1947, a Polônia criou um museu no local de Auschwitz I e II, que desde então recebeu a visita de mais de 30 milhões de pessoas de todo mundo, que já passaram sob o portão de ferro que tem escrito em seu topo o infame motto "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta). Em 2002, a UNESCO declarou oficialmente as ruínas de Auschwitz-Birkenau como Patrimônio da Humanidade.

Processo de seleção e extermínio

Por volta de julho de 1942 a SS começou a fazer as notórias "seleções", nas quais os judeus que chegavam ao campo eram divididos entre aqueles aptos ao trabalho, levados para a direita e admitidos no campo, e os considerados inúteis, levados para a esquerda e para as câmaras de gás em seguida.

Estes prisioneiros eram transportados de trem de toda a Europa ocupada e chegavam em comboios diários. Os SS forçavam uma orquestra a tocar enquanto os judeus caminhavam em direção à sua "seleção" e possível extermínio; estes músicos, ao lado dos Sonderkommandos, tinham entre si a maior taxa de suicídio dos campos.

O grupo selecionado para morrer, 3/4 do total, incluía quase todas as mulheres, crianças e velhos, além daqueles homens que após uma breve inspeção dos integrantes do corpo médico pareciam não ser completamente aptos. Auschwitz-Birkenau, apesar de ser construído depois de todos os outros campos de extermínio alemães, foi o que matou mais vítimas.


Judeus velhos e doentes dos Cárpatos chegando a Auschwitz.

Ao serem recebidos ainda nas rampas de desembarque dos trens – judenramp, a rampa dos judeus –, os prisioneiros ouviam dos SS que deveriam ser levados para um banho e passar por um despiolhamento. As vítimas tinham que tirar as roupas numa antecâmara e entravam nuas nas câmaras de gás, que tinham a aparência de uma grande sala de banhos coletiva com chuveiros falsos instalados no teto. Após as portas serem trancadas, os SS despejavam as pastilhas de cianeto na câmara através de aberturas no teto ou nas paredes. Apesar das grossas paredes de tijolos e concreto das câmaras, os gritos e os lamentos que vinham de dentro podiam ser escutados do lado de fora por cerca de 15/20 minutos. Numa tentativa mal sucedida de abafar o barulho, dois motores de motocicletas eram acelerados a toda força do lado da construção mas mesmo assim a gritaria desesperada continuava a ser ouvida sobre o ronco dos motores. Em Birkenau, a estrutura era de tal monta que mais de 20 mil pessoas podiam ser gaseificadas e cremadas por dia.

Os Sonderkommandos então removiam com alicate todo o ouro existente nos dentes dos cadáveres, que era derretido e acumulado pela SS. Os pertences dos mortos eram apreendidos e classificados numa área chamada "Canadá", assim chamada porque o Canadá era visto como uma terra de fartura. Muitos dos guardas do campo enriquecerem roubando as propriedades confiscadas.

As câmaras de Auschwitz operaram em capacidade máxima entre abril e julho de 1944, período conhecido como "O Massacre dos Judeus Húngaros". A Hungria tinha sido uma aliada de Hitler durante a guerra, mas resistia aos pedidos da Alemanha para entregar-lhe seus judeus até que o país foi invadido pelos nazistas em março de 1944. Entre abril e 9 de julho de 1944, 475 mil judeus húngaros, metade da população judia da Hungria pré-guerra, foram deportados para Auschwitz a uma taxa de 12 mil por dia por grande parte daquele período. O número de prisioneiros que chegava diariamente e era enviado para as câmaras de gás era tão grande, que a SS recorreu ao expediente de queimar os corpos em pilhas ao ar livre, além dos crematórios.


Mulheres e crianças judias da Hungria chegam à Auschwitz e aguardam nas rampas de seleção. Quase todos saíam dali para as câmaras de gás (maio de 1944).

Discurso de Boas-vindas

Esse o discurso feito pelo Obersturmführer SS Franz Hoessler, para um grupo de judeus gregos na antecâmara onde os prisioneiros se despiam, pouco antes do grupo ser levado à câmara de gás para ser executado:

"Em nome da administração do campo eu lhes dou as boas-vindas. Isto não é uma colônia de férias mas um campo de trabalho. Assim como nossos soldados arriscam suas vidas na frente de combate para conquistar a vitória para o Terceiro Reich, vocês terão que trabalhar aqui para o bem-estar de uma nova Europa. Como vocês irão desempenhar essa tarefa depende apenas de vocês. A chance existe para cada um de vocês. Vamos cuidar de sua saúde e também ofereceremos trabalho bem pago. Após a guerra, vamos avaliar todos de acordo com os seus méritos e tratá-lo adequadamente.

Agora, por favor tirem suas roupas. Pendurem as roupas nos cabides que nós providenciamos e por favor lembrem-se de seu número (no cabide). Depois de seu banho haverá uma tigela de sopa e café e chá para todos. Oh sim, antes que eu me esqueça, depois do banho por favor tenham seus certificados, diplomas, boletins escolares e outros documentos à mão, para que possamos empregar todos de acordo com seu treinamento e habilidade.

Os diabéticos que não podem consumir açúcar comuniquem ao pessoal de serviço após o banho".


Hössler em Bergen-Belsen, 1945.

Experiências médicas

Os médicos de Auschwitz realizaram uma ampla série de experiências com os prisioneiros, individuais e coletivas. Os doutores Carl Clauberg e Kurt Heissmeyer são alguns dos mais conhecidos médicos que usaram cobaias humanas para testar novas teses. Clauberg fez experiências para testar a eficiência do raio-X como método de esterilização feminina administrando largas doses de radiação nas prisioneiras. Ele injetava grandes doses no útero das mulheres para tentar colá-los e impedir a reprodução. A empresa Bayer, então uma subsidiária da IG Farben, comprava prisioneiros de Birkenau para servirem de cobaias no teste de novas drogas. Heissmeyer, que considerava judeus humanos e cobaias animais de laboratório como a mesma coisa, comandava experiências em crianças e fez diversas experiências injetando bacilos vivos da tuberculose direto no pulmão de prisioneiros, na tentativa de conseguir uma vacina para a doença.

O que mais conseguiu uma infame notoriedade após a guerra, porém, foi o Dr. Josef Mengele, conhecido como "Anjo da Morte"; ele tinha uma especial predileção por gêmeos e anões. Mengele fazia cruéis experiências com os primeiros, como provocar doenças num deles para saber o que acontecia com o segundo ou matando este quando o primeiro morria, para fazer autópsias comparativas. Com os anões, costumava provocar-lhes gangrena para estudar os efeitos na carne.


Josef Mengele, o Anjo da Morte.

A mando de Heissmeyer, ele foi o responsável pela escolha de vinte crianças do campo para serem objeto de "pesquisa científica" no campo de concentração de Neuengamme, após as quais foram todas enforcadas em ganchos pendurados no teto do porão de uma escola em Hamburgo, junto com as enfermeiras, todas também prisioneiras judias, que os acompanhavam.


Gêmeos judeus mantidos vivos para serem usados em experimentos médicos de Mengele. Essas crianças foram libertadas de Auschwitz pelo exército vermelho em janeiro de 1945.

As experiências feitas por Mengele em crianças gêmeas foram criadas para tentar mostrar similaridades e diferenças entre eles, assim como saber se o corpo humano poderia ser manipulado artificialmente. Entre 1943 e 1944 ele fez experiências em mais de 1500 prisioneiros gêmeos, adultos e crianças. Cerca de 200 deles sobreviveram à guerra. Eles eram separados por idade e sexo e guardados em barracões especiais entre as experiências, que consistiam desde injetar corantes diferentes nos olhos para observar se mudariam de cor até costurá-los uns aos outros para tentar criar gêmeos xifópagos. Mulheres grávidas também eram alvo das experiências de Mengele, em quem praticava vivissecção antes de mandá-las às câmaras de gás.


Bloco 10, o local das experiências médicas em prisioneiros de Auschwitz.

Fugas e revoltas

Em 1943, grupos de resistência haviam se organizado pelos campos. Essas organizações ajudaram alguns poucos prisioneiros a escaparem; estes fugitivos levavam com eles notícias dos extermínios, como as das centenas de milhares de judeus húngaros executados entre maio e julho de 1944.


Sonderkommandos
incinerando corpos em Auschwirtz-Birkenau em agosto de 1944.

As unidades Sonderkommandos estavam cientes de que como testemunhas dos assassinatos perpetrados pelos nazistas, eles próprios acabariam por ser exterminados para não revelar esses crimes hediondos.

Embora cientes de que isso significaria a sua morte, em 7 de outubro de 1944, os Sonderkommandos judeus do Kommando III de Birkenau começaram uma revolta atacando os guardas Allgemeine-SS com armas improvisadas como pedras, machados, martelos, outras ferramentas de trabalho e granadas caseiras. Pegaram os guardas Allgemeine-SS de surpresa e explodiram o crematório IV com explosivos roubados de uma fábrica de armas por mulheres prisioneiras. Neste ponto juntaram-se a eles os judeus do Kommando I do crematório II, que dominaram os guardas e fugiram do complexo.

Centenas de prisioneiros escaparam, mas quase todos foram recapturados em pouco tempo e executados juntos a um grupo que continuou no campo, mas também tinha participado da revolta. 250 judeus morreram lutando e a SS teve três mortos, um dos quais foi queimado vivo pelos presos no forno de Crematório II, e cerca de uma dúzia de feridos. As quatro judias que tinham roubado os explosivos da fábrica Union-Werk foram enforcadas em público.

Essa rebelião foi reprimida ao anoitecer daquele dia.


Ruínas do Crematório IV, destruído na revolta de 7 de outubro de 1944.

Houve também uma tentativa de levante geral em Auschwitz, a ser coordenado com um ataque aéreo aliado e um ataque externo por terra feito pela resistência polonesa, a Armia Krajowa.

O plano foi de autoria de Witold Pilecki, ex-militar polonês, um dos líderes da resistência e prisioneiro voluntário em Auschwitz, que organizou um movimento subterrâneo chamado União de Organização Militar (Związek Organizacji Wojskowej – ZOW).


Witold Pilecki, em foto com uniforme militar anterior à guerra. (c. 1938)

Pilecki imaginou um plano em que aviões aliados pudessem jogar armas e tropas no campo, especialmente soldados da 1ª Brigada Paraquedista Independente Polonesa, ao mesmo tempo em que a resistência faria um ataque frontal vindo das áreas externas. Em 1943, porém, ficou claro que os Aliados não tinham nenhum plano para isso. Neste meio tempo, a Gestapo trabalhava para descobrir os integrantes do ZOW e conseguiu identificar e matar muitos deles. Pilecki decidiu então fugir do campo, na esperança de convencer pessoalmente os líderes da resistência de que um ataque a Auschwitz seria possível e conseguiu fugir em na noite de 26–27 de abril de 1943. Seu plano, entretanto, foi considerado muito arriscado pela resistência e os Aliados não acreditaram em suas histórias sobre Auschwitz, que consideraram muito exageradas.


Fotografia aérea de Birkenau feita por um avião norte-americano de observação em 25 de agosto de 1944.

Fugas e tentativas individuais

A primeira fuga de Auschwitz ocorreu logo em seus primórdios, em 6 de julho de 1940, quando o polonês Tadeusz Wiejowski fugiu com a ajuda de trabalhadores civis poloneses empregados do campo.

Pelo menos 802 prisioneiros – 757 homens e 45 mulheres – tentaram escapar de Auschwitz durante seus anos de funcionamento, dos quais 144 foram bem-sucedidos. O destino de 331 deles é até hoje desconhecido. Uma punição comum para os que tentavam fugir era a morte por inanição; as famílias daqueles que conseguiam escapar eram muitas vezes presas e internadas, exibidas com destaque pelo campo para inibir os outros. Sempre que alguém conseguia realmente escapar, a SS escolhia aleatoriamente dez prisioneiros do alojamento de onde havia ocorrido a fuga e os fazia passar fome até morrer.

A mais espetacular fuga de Auschwitz-Birkenau ocorreu em 20 de junho de 1942, quando três poloneses e um ucraniano fizeram uma fuga ousada. Os quatro escaparam vestidos de guardas SS, armados e num carro oficial, um Steyr 220, roubado do próprio comandante do campo, Rudolf Höß. Os fugitivos levaram com eles um relatório sobre as condições do campo escrito por Witold Pilecki. Nenhum deles jamais foi capturado.


Rudolf Höß, comandante de Auschwitz entre 1940–43 e 1944-45, durante seu julgamento em 1947.

Em 1943, prisioneiros organizaram o Kampfgruppe Auschwitz (Grupo de Combate Auschwitz), com o objetivo de enviar o máximo de informações possíveis sobre o que estava acontecendo em Auschwitz para o mundo exterior. Os membros do grupo fizeram bilhetes e fotos, feitas furtivamente dos crematórios e câmaras de gás, colocando-as nas áreas ao redor dos campos e subcampos, esperando que pessoas os achassem e passassem as notícias aos Aliados e à resistência e também servissem como informações aos libertadores do campo.

Em 24 de junho de 1944, Mala Zimetbaum, uma prisioneira judia belga de 26 anos, escapou com seu namorado polonês Edek Galinski. Zimetbaum, que trabalhava em Auschwitz como tradutora num dos escritórios do campo principal, levou com ela cópias das listas de deportação de judeus a que tinha acesso por dispor de maior liberdade de movimentos que um preso comum.


Mala Zimetbaum

Foi a primeira mulher e a primeira judia a escapar de Auschwitz. O casal passou pelos portões com ele vestido num uniforme roubado de soldado da SS e ela como sua namorada. Em 6 de julho de 1944, os dois foram presos perto da fronteira da Eslováquia e levados de volta à Auschwitz, onde, depois de uma estadia no bloco 11, foram sentenciados à morte em 15 de setembro, sendo enforcados ao mesmo tempo, ele no campo masculino e ela no feminino. Galinski foi executado mas Mala tentou o suicídio cortando os pulsos no alojamento antes do momento da execução e esbofeteando a guarda que tentou impedi-la com as mãos em sangue. De acordo com várias versões, ela morreu de hemorragia no caminho do local da execução ou foi assassinada a tiros na entrada do crematório.

Uma versão tornada histórica e reverenciada diz que Mala reagiu após cortar o pulso esbofeteando um guarda e teve a mão quebrada por ele. Gritando que a libertação estava próxima e que todos deviam se rebelar porque era melhor morrer lutando do que morrer como estavam morrendo, foi atacada pelas guardas femininas e teve a boca esmagada. A supervisora-chefe do campo feminino, SS-Lagerführerin Maria Mandel, "A Besta de Auschwitz", disse que tinha chegado uma ordem de Berlim para que Mala fosse cremada viva. Ela foi levada de maca até o crematório e seu fim diverge de acordo com as testemunhas. Uns asseguram que ela já chegou morta pela hemorragia e outros afirmam que um SS apiedado a matou com um tiro antes de seu corpo ser enfiado no forno pelos Sonderkommandos. De acordo com a sobrevivente Raya Kagan, em depoimento oficial em Israel durante o julgamento por crimes de guerra do nazista Adolph Eichman em 1961, as últimas palavras de Mala Zimetbaum a seus carrascos alemães em Auschwitz foram: "Eu morrerei como uma heroína e vocês como cães!". Mandel, que deu a ordem para que ela fosse cremada viva, foi executada na forca em janeiro de 1948 por crimes contra a humanidade.


Maria Mandel no julgamento em Cracóvia, 1947.

Evacuação e libertação

A última seleção de prisioneiros para as câmaras ocorreu em 30 de outubro de 1944. A 25 de novembro de 1944 Heinrich Himmler ordenou que os crematórios fossem destruídos antes que o Exército Vermelho chegasse aos campos.

A maioria dos prisioneiros que trabalhavam nas câmaras e no crematório foram executados entre setembro e novembro para não haver testemunhas. Mais de 400 deles morreram durante uma insurreição em outubro. As câmaras de gás foram explodidas em janeiro de 1945 e documentos de toda ordem queimados ao ar livre no campo.

Em 17 de janeiro de 1945, o comando da SS em Berlim deu ordens para que todos os prisioneiros restantes nos campos fossem executados, mas em meio ao caos da retirada nazista na época, a ordem não foi levada adiante. No mesmo dia, o complexo começou a ser evacuado. Em 23 de janeiro de 1945, o "Canadá II", uma das seções dos campos onde eram empilhados e catalogados os pertences dos mortos, foi queimado e destruído.


Prisioneiros libertados pelos soviéticos em 27 de janeiro de 1945.

Cerca de 60 mil sobreviventes foram obrigados a participar de uma Marcha da Morte até o campo de Wodzisław Śląski (Loslau em alemão), entre eles muitas crianças, de onde foram embarcados em trens de carga para outros campos; 15 mil morreram durante a marcha, alguns de exaustão outros mortos a tiros por não conseguirem acompanhar o passo. Aqueles muito doentes ou sem condição de caminhar foram deixados em Auschwitz. Um grupo de 3200 prisioneiros do subcampo de Jaworzno fez uma das mais longas marchas da morte de toda a guerra, percorrendo 250 km. Cerca de 20 mil dos prisioneiros foram levados para o campo de concentração de Bergen Belsen, onde foram libertados pelos britânicos em 15 de abril de 1945.

Diversos massacres foram cometidos nestas evacuações, como na estação de trem de Rybnik em 22 de janeiro de 1945, onde um trem transportando 2,5 mil prisioneiros do subcampo de Gliwice fez uma parada e os prisioneiros receberam ordem de desembarcar. Os que não tinham forças para tal foram metralhados pela Allgemeine-SS e pela polícia local dentro dos vagões. Depois que os guardas e os prisioneiros capazes de andar continuaram a marcha a pé para oeste, 300 corpos jaziam nos trens, na estação e na área em volta.

Muitos poloneses e tchecos cristãos moradores das localidades por onde essas marchas passavam ajudaram secretamente os prisioneiros, dando-lhes água, comida e até escondendo vários deles em casas ou celeiros até a chegada das tropas aliadas. Após a guerra, muitas destas pessoas foram homenageadas com a medalha de Justos entre as nações pelo governo de Israel, por arriscarem suas vidas para ajudar prisioneiros judeus a sobreviverem nos estágios finais da guerra.

Os 7500 prisioneiros restantes deixados em Auschwitz foram libertados em 27 de janeiro de 1945 pela 322ª Divisão de Rifles do 60º Exército de Frente Ucraniana do Exército Vermelho. Entre os artefatos do genocídio encontrados pelos russos estavam 348.820 ternos de homem e 836.255 vestidos de mulheres, além de montanhas de óculos, cabelos humanos e calçados, muitos deles em tamanhos infantis.

“Não tínhamos a menor ideia da existência daquele campo. Nossos superiores não disseram coisa alguma sobre ele. Entramos ao amanhecer de 27 de janeiro. Havia um cheiro tão forte que era impossível aturar por mais de cinco minutos. Meus soldados não conseguiam suportá-lo e me imploraram para que fôssemos embora. Mas tínhamos uma missão a cumprir. Vimos algumas pessoas de pé em roupas listradas - eles não pareciam humanos. Eram pele e osso, somente esqueletos. Quando dissemos a eles que o Exército soviético os havia libertado, eles sequer reagiram. Não conseguiam falar ou mesmo mexer a cabeça. Os prisioneiros não tinham calçados. Seus pés estavam envoltos em trapos. Era janeiro e a neve estava começando a derreter. Até hoje não sei como conseguiram sobreviver. Quando chegamos ao primeiro pavilhão, estava escrito que era para mulheres. Entramos e vimos uma cena horrível. Mulheres desnudas e mortas jaziam perto da porta. Suas roupas tinham sido removidas pelas sobreviventes. Havia sangue e excrementos pelo chão. Nos alojamentos infantis, havia apenas duas crianças vivas. E elas começaram a gritar 'Não somos judias! Não somos judias'. Elas eram judias, mas estavam com medo de serem levadas para as câmaras de gás. Nossos médicos as tiraram dos alojamentos para serem limpas e alimentadas. Abrimos as cozinhas e preparamos refeições leves para os prisioneiros. Algumas das pessoas morreram porque seus estômagos não podiam mais funcionar normalmente. Vi os fornos e as máquinas de matar. As cinzas (dos mortos) eram espalhadas pelo vento”.

Fonte: Wikipédia


Tags: Segunda Guerra Mundial, nazismo, judeu, holocausto, solução final, extermínio, campos de concentração, Mengele, Heinrich Himmler






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