A principal organização de defesa dos direitos humanos nos Estados Unidos criticou duramente o uso da “tortura e do mau tratamento (de presos) em 2005 como parte deliberada da estratégia contra o terrorismo da administração Bush”. Além disso, afirmou que os EUA estão perdendo a autoridade moral para falar no assunto.

O relatório anual de 532 páginas da Human Rights Watch (HRW) sobre abusos cometidos em 70 países refuta o argumento do governo Bush e de seus defensores, segundo o qual os abusos de presos cometidos no Iraque, em Guantánamo e em outras partes por agentes e soldados norte-americanos foram ações isoladas de algumas “ovelhas negras”. De acordo com a organização, eles resultaram de “decisões conscientes”.

O relatório, publicado em 18 de janeiro de 2006, não poupou países como a Inglaterra e o Canadá, afirmando que ambos agravaram a falta de liderança internacional na defesa dos direitos humanos com suas tentativas de enfraquecer proteções essenciais. Ainda, segundo o documento, a União Européia continuou a subordinar os direitos humanos em suas relações com outros países considerados úteis na luta contra o terrorismo, como a Rússia, a China e a Arábia Saudita.

Moscou e Pequim também foram acusados de explorar a luta global antiterror para reprimir opositores políticos, tachando-os de “terroristas islâmicos”.

Fora da guerra ao terrorismo, o relatório documenta abusos graves, incluindo o massacre de manifestantes no Usbequistão e a política de limpeza étnica em Darfur, no Sudão. O documento da organização HRW destaca “atrocidades” no Congo e na Chechênia e “repressão severa” a dissidentes em Mianmar, Coréia do Norte, Turcomenistão e nas regiões chinesas do Tibet e Xinjiang. Acusa ainda o presidente venezuelano Hugo Chávez de debilitar o Judiciário e a liberdade de expressão e denuncia as “execuções primárias, os motins, as torturas e as prisões arbitrárias” no Haiti.