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RSSO rei inglês Henrique VIII casa-se secretamente com Ana Bolena. A filha do casal foi futuramente coroada rainha Elizabeth I
Henrique VIII (28 de junho de 1491 – 28 de janeiro de 1547) foi o Rei da Inglaterra de 1509 até sua morte, e também Lorde e depois Rei da Irlanda. Henrique foi o segundo monarca inglês da Casa de Tudor, sucedendo a seu pai Henrique VII.
Henrique é conhecido como o fundador da Igreja Anglicana. Suas lutas contra Roma ocasionaram a renúncia da Inglaterra à autoridade papal, a Dissolução dos Mosteiros e seu próprio estabelecimento como Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra. Ainda assim ele continuou a acreditar nos principais ensinamentos católicos, mesmo após sua excomunhão. Henrique supervisionou a união legal da Inglaterra e Gales com os Atos das Leis em Gales de 1535 e 1542.
Em 1513, Henrique aliou-se com Maximiliano I, Sacro Imperador Romano-Germânico, e invadiu a França com um exército numeroso e bem equipado, porém pouco realizou com o enorme custo financeiro. Por outro lado, Maximiliano usou a invasão inglesa para seu próprio benefício, prejudicando a capacidade da Inglaterra de derrotar os franceses. Esse incidente marcou o início de uma obsessão de Henrique, que invadiu o país novamente em 1544. Desta vez, suas forças capturaram a importante cidade de Bolonha-sobre-o-Mar, porém o imperador Carlos V apoiou Henrique até onde julgava necessário e a Inglaterra, esgotada pelos custos da guerra, entregou a cidade de volta após pagamento de resgate.
Seus contemporâneos, durante seu auge, consideraram Henrique um rei atraente, bem educado e realizado, e ele já foi descrito como "um dos governantes mais carismáticos a ocupar o trono inglês". Além de reinar com poder considerável, Henrique também escrevia e compunha. Seu desejo de ter um herdeiro homem – em parte por causa de sua vaidade pessoal, por acreditar que uma mulher não seria capaz de consolidar a dinastia Tudor e também pela frágil paz existente após a Guerra das Rosas – levaram às duas coisas pelas quais Henrique é mais lembrado: seus seis casamentos e a Reforma Inglesa. Ele tornou-se obeso mórbido e com saúde fraca, contribuindo para sua morte em 1547. Ele é frequentemente caracterizado ao final de sua vida como concupiscente, egoísta, severo e inseguro. Henrique VIII foi sucedido por seu filho Eduardo VI, fruto de seu casamento com Joana Seymour.
Ana Bolena
Ana Bolena (c. 1501/1507 – 19 de maio de 1536) foi a segunda esposa do rei Henrique VIII e Rainha Consorte do Reino da Inglaterra de 1533 até a anulação de seu casamento dois dias antes de sua execução. Seu casamento com Henrique VIII foi polêmico, do ponto de vista político e religioso, e resultou na criação da Igreja Anglicana. A ascensão e queda de Anna Bolena, considerada a mais controversa rainha consorte da Inglaterra, inspiraram inúmeras biografias e obras ficcionais.
Era filha de Sir Tomás Bolena e Isabel Howard. Foi educada na França, principalmente como dama de companhia da rainha Cláudia da França, esposa de Francisco I. Voltou para a Inglaterra em 1522.
Dois anos mais tarde, apaixonou-se por Henrique VIII. A princípio, Ana resistiu às tentativas do rei em seduzi-la e torná-la sua amante, como sua irmã, Maria Bolena havia sido. Henrique VIII anulou seu casamento com Catarina de Aragão para que se pudesse casar com Anna Bolena. Quando se tornou claro que o Papa Clemente VII não aprovaria o divórcio de Henrique VIII e Catarina de Aragão e, posteriormente, o casamento deste com Anna Bolena, iniciou-se a ruptura religiosa entre a Inglaterra e a Igreja Católica Romana, resultando na criação da Igreja Anglicana.
Maria Bolena irmã de Ana Bolena, amante de Henrique VIII.
O pedido de anulação do casamento com Henrique VIII para casar com Ana Bolena
A dedicação religiosa de Catarina de Aragão aumentava enquanto ela envelhecia, assim como seu interesse pelos estudos acadêmicos. Ela constantemente melhorava seus conhecimentos e ensinava sua filha Maria. A educação feminina tornou-se elegante, parcialmente por sua influência. Ela também doou uma grande quantidade de dinheiro para universidades. Henrique, no entanto, ainda considerava um herdeiro masculino essencial. A dinastia Tudor ainda era recente, e sua estabilidade não havia sido testada. Além disso, uma longa guerra civil, conhecida como A Anarquia (1135–54) havia acontecido da última vez que uma mulher, Matilde de Inglaterra, tentara assumir o trono, e a memória da Guerra das Rosas estava presente na memória coletiva.
Em 1525, Henrique começou a se interessar por Ana Bolena, dama de companhia da rainha, oito anos mais nova do que ele. Ele passou a cortejá-la; já não era mais possível para Catarina ter filhos. Henrique considerava que seu casamento podia ter sido amaldiçoado. Consultou a Bíblia, em Levítico, e a interpretou como dizendo que se um homem desposasse a mulher de seu irmão, o casal ficaria sem filhos. Mesmo se o casamento não tivesse sido consumado (no que Catarina insistiu até o dia de sua morte), a interpretação dele afirmava que teria sido errado aos olhos de Deus, portanto nem mesmo o papa poderia oferecer uma concessão. É possível que a ideia de uma anulação tenha sido sugerida para Henrique muito antes, e muito provável que ele seria mais motivado pelo desejo de ter um filho e evitar problemas na sucessão.
Catarina fazendo sua defesa contra a anulação, por Henry Nelson O'Neil.
Rapidamente, conseguir a anulação de seu casamento com Catarina tornou-se uma prioridade para ele. William Knight, secretário do rei, foi enviado para solicitar a anulação ao Papa Clemente VII. Nessa época, o papa era prisioneiro do sobrinho de Catarina, o Imperador Carlos I, depois do Saque de Roma em maio de 1527. Foi difícil para William ter acesso a ele, e retornou sem sucesso. Henrique, então, colocou a questão nas mãos do Cardeal Tomás Wolsey. O cardeal realizou um julgamento para investigar se o casamento seria válido ou não; o bispo de Rochester John Fisher, posicionou-se firmemente ao lado de Catarina. Ela foi irredutível quando lhe foi sugerido que se retirasse discretamente para virar uma freira, dizendo, "Deus nunca me chamou para um convento. Sou a verdadeira e legítima esposa do rei". Escreveu então para seu sobrinho Carlos, pedindo que tentasse influenciar o papa a tomar uma decisão contra a vontade do marido.
Wolsey realizou um tribunal eclesiástico na Inglaterra, com a presença de um representante do papa, de Henrique e da própria Catarina. O papa, porém, não permitiria que a decisão fosse tomada na Inglaterra, e chamou seu representante de volta a Roma. É difícil dizer até onde teria sido influenciado pelo imperador, mas Henrique claramente percebeu que era improvável obter a anulação de seu casamento com a tia deste através do papa, que o proibiu de voltar a se casar antes de tomar uma decisão sobre o assunto. Wolsey havia falhado, e foi afastado da corte em 1529. Ele começou então a tramar para que Ana fosse forçada ao exílio e a se comunicar escondido com o papa; quando Henrique descobriu, ordenou sua prisão. Se não tivesse adquirido uma doença grave e morrido, poderia ter sido executado por traição.
Catarina de Aragão era mais amada pelo povo inglês do que Ana Bolena, que era vista como uma usurpadora. Além de Fisher, alguns de seus defensores eram Thomas More, a irmã de Henrique, Mary Tudor, o líder protestante Martinho Lutero e William Tyndale.
Com o forte desejo de produzir um herdeiro, bem como a sua relação amorosa com “Ana Bolena”, levaram Henrique VIII a procurar a dissolução do seu casamento com “Catarina de Aragão” junto ao Vaticano. As suas tentativas não encontraram sucesso porque o “Papa Clemente VII” estava sobre pressão do sobrinho de Catarina, o Rei de Espanha (Carlos I) que também foi Imperador do Sacro Império Romano (Carlos V).
O Papa então, querendo agradar o seu antigo inimigo Carlos V, fez eclodir e talvez tenha precipitado o “cisma de Henrique VIII”.
Frustrado com o fracasso das negociações com o Vaticano, Henrique VIII ignorou a lei canônica que o impedia de se unir a outra mulher e casou secretamente com Ana Bolena no dia 14 de novembro de 1532, mas essa união só foi tornada pública em 25 de janeiro de 1533, entretanto, demorou quatro meses para ser confirmado. Em 23 de maio de 1533, o recém-nomeado arcebispo de Canterbury Thomas Cranmer declarou o casamento de Henrique VIII e Catarina de Aragão nulo, sem efeito; Cinco dias depois, ele declarou o casamento de Henrique VIII e Ana Bolena válido.
Esta atitude de afronta sem precedentes à Igreja Católica fez com que em 11 de julho de 1533 o papa Clemente VII pronuncia a sentença contra o Rei Henrique VIII, declarando-o excomungado a menos que cancelasse seu casamento com Ana Bolena e retomasse seu casamento com Catarina de Aragão.
Após a excomunhão, Henrique VIII decidiu o rompimento com a Igreja Católica Romana, declarou a dissolução dos mosteiros, tomando assim muitos dos haveres da Igreja, e formou a Igreja Anglicana (Church of England), da qual se declarou líder. Esta decisão tornou-se oficial com o decreto da supremacia (Act of Supremacy) de 1534.
O papa Clemente VII morreu em 25 de setembro de 1534. Em 30 de agosto de 1535 o novo papa, Paulo III, elaborou uma nova bula de excomunhão chamada “eius qui Immobilis”.
Em 17 de dezembro de 1538, novamente o papa Paulo III publicou uma outra bula chamada 'Cum redemptor noster", renovando a validade da bula de 30 de agosto de 1535, que tinha sido suspensa.
Acusações de traição, adultério e incesto
O historiador e biógrafo Eric Ives acredita que o político Thomas Cromwell pode ter planejado a queda e execução de Ana Bolena. As conversas entre Chapuys e Cromwell indicam Cromwell como o instigador da trama para remover Ana Bolena. Prova disso é vista através de cartas escritas por Chapuys sobre como Ana diferiu com Cromwell sobre a redistribuição das receitas da Igreja e sobre a política externa. Ela defendeu que as receitas deveriam ser distribuídas para instituiçoes beneficentes e educacionais, e era a favor de uma aliança com a França. Cromwell insistia em encher os cofres exauridos do rei, e preferiu uma aliança imperial. Por estas razões, sugere Eric Ives, "Ana Bolena tornou-se uma grande ameaça para Thomas Cromwell". Por outro lado, John Schofield, também biógrafo, alega que não houve luta pelo poder existente entre Ana e Cromwell, e que "nenhum traço pode ser encontrado de uma conspiração por parte de Cromwell contra Ana. Cromwell envolveu-se no drama real conjugal somente quando Henrique VIII o mandou para o caso". Cromwell não fabricou as acusações de adultério, embora ele e outros da corte tenham usado tais comentários para sustentar a crise conjugal de Henrique VIII e Ana Bolena. O historiador Retha Warnicke questiona se Cromwell poderia ter manipulado o rei em tal assunto. Henrique se emitiu as instruções cruciais: seus oficiais, incluindo Cromwell, foram deixados de fora. O resultado, os historiadores concordam, era uma farsa jurídica.
No final de abril, um músico flamengo a serviço de Ana chamado Mark Smeaton foi preso. Inicialmente, ele negou ter sido amante da rainha, mas depois confessou, talvez sob tortura ou talvez porque lhe fora prometido liberdade caso confessasse. Outro cortesão, Sir Henry Norris, foi preso no mesmo mês, mas por ser um aristocrata, não pôde ser torturado. Antes de sua detenção, Norris foi tratado amavelmente pelo rei, que lhe ofereceu o seu próprio cavalo para usar nas festividades do mês de maio. Parece provável que, durante as festividades, o rei tenha sido notificado da confissão de Mark Smeaton e pouco tempo depois, os alegados conspiradores foram presos por ordem do rei. Henry Norris foi preso no festival. Ele negou sua culpa e jurou que a rainha Ana Bolena era inocente. Uma das evidências mais prejudiciais a Henry Norris era uma conversa ouvida com Ana no final de abril, onde ela o acusou de vir muitas vezes a seus aposentos dizendo ir cortejar sua dama-de-companhia, Madge Shelton, mas na verdade suas intenções eram cortejar a própria rainha. Sir Francis Weston também foi preso dois dias depois com a mesma acusação. Sir William Brereton, pertencente à Câmara Privada do Rei, também foi apreendido em razão de adultério. Sir Thomas Wyatt, um poeta e amigo dos Bolenas que teria sido apaixonado por ela antes de seu casamento com o rei, também foi preso pela mesma acusação, mas foi liberado mais tarde, provavelmente devido à sua amizade com Thomas Cromwell. Sir Richard Page também foi acusado de ter tido um relacionamento sexual com a rainha, mas foi absolvido de todas as acusações após a investigação não poder implicá-lo a Ana. O último acusado, e mais conhecido, era o próprio irmão da rainha Ana, Jorge Bolena, preso sob acusação de incesto e traição, acusado de ter tido um relacionamento sexual com sua irmã. Jorge Bolena era acusado de dois casos de incesto: Em novembro de 1535 em Whitehall, e no mês seguinte em Eltham.
Execução
Quando informada da sua iminente execução, Ana Bolena fez chegar a Henrique VIII uma exigência - não aceitaria ser morta por um carrasco inglês, que utilizava o machado para a decapitação. Exigia a "importação" de um carrasco francês, pois estes usavam a espada. Para justificar a sua exigência, teria dito "uma Rainha da Inglaterra não curva a cabeça para ninguém e em nenhuma situação", pois as execuções com a espada eram feitas com a vítima ajoelhada, mas com a cabeça erguida.
Diz-se que o poema O Death Rock me Asleep foi escrito por Ana, enquanto aprisionada na Torre. Porém, também pode ter sido escrito por seu irmão, Jorge. A escrita do poema evidencia que ela pode ter tido esperanças de que a morte acabaria com o seu sofrimento.
Na manhã de sexta-feira, 19 de maio de 1536, Ana Bolena foi executada, não na Torre Verde, mas sim num andaime erigido sobre o lado norte da Torre Branca, em frente do que é hoje as Casernas de Waterloo Ela usava um saiote vermelho sob um avulso, um vestido de tordilha de damasco aparado na pele e um manto de arminho. Acompanhada por duas assistentes do sexo feminino, Ana fez seu último passeio da Casa da Rainha à Torre Verde e ela olhou "como se ela não fosse morrer". Ana subiu o cadafalso e fez um breve discurso para a multidão:
Ana Bolena na Torre por Édouard Cibot.
“Bom povo cristão, vim aqui para morrer, de acordo com a lei, e pela lei fui julgada para morrer, e por isso não vou falar nada contra ela. Não vim aqui para acusar ninguém, nem para falar de algo de que sou acusada e condenada a morrer, mas rezo a Deus para que salve o rei e que ele tenha um longo reinado sobre vós, pois nunca um príncipe tão misericordioso esteve lá: e para mim ele será sempre um bom, gentil e soberano Senhor. E se qualquer pessoa ponha isso em causa, obrigá-la-ei a julgar os melhores. E assim deixo o mundo e todos vós, e sinceramente desejo que todos rezem por mim. Ó Senhor, tem misericórdia de mim, eu louvo a Deus a minha alma”.
Ana obteve o que requisitava, mostrando que até nos seus últimos momentos, ainda era capaz de impressionar o rei. Ela foi decapitada por um carrasco francês, tal como pedira. Henrique não providenciou um sepulcro para Ana, e assim o seu corpo e a cabeça foram enterrados num túmulo desmarcado na Capela Real de São Pedro ad Vincula. O seu esqueleto foi identificado durante a renovação da capela, durante o reinado da Rainha Vitória, e o local de repouso de Ana está marcado no chão em mármore.
Fonte: Wikipédia
Opinião do internauta
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