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31 de janeiro de 1943.

Segunda Guerra Mundial: o marechal alemão Friedrich von Paulus se rende aos soviéticos em Stalingrado

Um soldado soviético agitando a bandeira vermelha sobre a praça central de Stalingrado em 1943.

A Batalha de Stalingrado foi uma operação militar conduzida pelos alemães e seus aliados contra as forças russas pela posse da cidade de Stalingrado (atual Volgogrado), às margens do rio Volga, na antiga União Soviética, entre 23 de agosto de 1942 e 2 de fevereiro de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.

A batalha foi o ponto de virada da guerra na frente oriental, marcando o limite da expansão alemã no território soviético, a partir de onde o Exército Vermelho empurraria as forças alemãs até Berlim, e é considerada a maior e mais sangrenta batalha de toda a História, causando a morte e ferimentos em cerca de dois milhões de soldados e civis.

Marcada por sua extrema brutalidade e desrespeito às perdas militares e civis de ambos os lados, a ofensiva alemã sobre a cidade de Stalingrado, a batalha dentro da cidade e a contraofensiva soviética que cercou e destruiu todo o 6º Exército alemão e outras forças do Eixo, foi a segunda derrota em larga escala da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e a mais decisiva; a partir daí, a ofensiva passou totalmente para as mãos dos soviéticos até a vitória final contra o Terceiro Reich, em 8 de maio de 1945.

Até 1925, "Stalingrado", chamava-se "Tsaritsyn", e desde 1961 tem o nome de Volgogrado. Com a mudança de nome, a nomenclatura do memorial dedicado aos defensores da cidade também mudou, mas em 2004, o presidente russo Vladimir Putin autorizou a mudança da nomenclatura, que hoje encontra-se novamente como Stalingrado.

A invasão à URSS

A 22 de junho de 1941, a Alemanha Nazista e os seus aliados do Eixo invadiram a União Soviética, na chamada Operação Barbarossa, avançando rapidamente para dentro de território soviético. Sofrendo derrota após derrota no verão e no inverno de 1941 até a Batalha de Moscou, ocorrida entre 2 de outubro de 1941 e 7 de janeiro de 1942.

As forças soviéticas contra-atacaram em larga escala próximo à capital do país, a contar de 5 de dezembro de 1941. Os alemães, exaustos, com problemas de reposição logística (a maioria das divisões Panzer estava com a maior parte de seus carros de combate inoperantes) e ainda, com as tropas mal equipadas para a guerra no inverno e com linhas de suprimentos muito longínquas, acabaram sendo afastados das portas da cidade.

Os alemães estabilizaram sua frente de batalha na primavera de 1942. Apesar disso, as baixas da campanha de 1941 somadas às perdas de blindados e de material militar tornaram impossível a retomada de uma ofensiva em toda a frente oriental, obrigando Adolf Hitler a ter como ponto de partida uma ofensiva apenas setorial em 1942.

Planos para lançar uma segunda ofensiva contra Moscou foram rejeitados, não apenas porque o Grupo Central do Exército estava demasiadamente enfraquecido para um ataque, mas, ainda, pela concepção de Hitler que um ataque na direção sudeste da URSS – (Ucrânia) – propiciaria vantagens econômicas (cereais e petróleo) favoráveis a um futuro prosseguimento da guerra. Os alemães mantiveram-se no controle, não obstante, de duas frentes nas proximidades de Moscou, de maneira a permitir um blefe que tornasse crível a possibilidade de uma nova ofensiva contra a capital russa.

O começo da batalha

Antes que a Wehrmacht alcançasse a cidade propriamente dita, a Luftwaffe havia atacado no rio Volga, via vital para o movimento de suprimentos em direção à cidade, deixando-o praticamente inutilizável para a navegação de barcos soviéticos. Entre 25 e 31 de julho de 1942, 32 navios e balsas foram afundados no rio. A batalha começou sob pesado bombardeio da força aérea alemã a Stalingrado, com cerca de mil toneladas de bombas jogadas sobre a cidade e seus arredores, transformando-a quase em destroços, apesar de algumas estruturas de fábricas ainda sobreviverem e continuarem sua produção de guerra em turnos de 24 horas.


Infantaria alemã apoiada por um tanque StuG III atacam o perímetro da cidade.

Josef Stalin havia impedido os civis de deixarem a cidade, sob a premissa de que sua presença ali encorajaria ainda mais as forças soviéticas a defenderem-na, sendo postos a ajudar cavando trincheiras e fortificações defensivas em todo o perímetro urbano.

Em 23 de agosto de 1942, teve início um forte bombardeio aéreo que durou 5 dias, causando um grande incêndio, matando cerca de 40 mil civis e transformando Stalingrado numa paisagem repleta de destroços e ruínas fumegantes. Noventa por cento do bairro de Voroshilovsky foi destruído.


Heinkel He 111K, um dos aviões bombardeiros usados como transporte na ponte aérea para Stalingrado.

A impotente força aérea soviética foi esmagada pela Luftwaffe, perdendo 201 aviões no período de uma semana no fim de agosto. Apesar de reforços aéreos trazidos, as perdas continuaram grandes durante o mês de setembro, fazendo com que a força aérea alemã tivesse o domínio completo dos céus sobre Stalingrado e regiões próximas durante as primeiras semanas de combate.


Imagens de um bombardeio aéreo da Luftwaffe sob Stalingrado em setembro de 1942.

A contraofensiva soviética

Reconhecendo que as tropas alemãs estavam mal preparadas para uma ofensiva durante o inverno, a Stavka - o comando das forças armadas - decidiu realizar uma contraofensiva geral na frente de Stalingrado, para aproveitar esta fraqueza temporária do inimigo.

A ofensiva alemã havia sido paralisada por uma combinação da violenta resistência do Exército Vermelho dentro da cidade com as péssimas condições climáticas. O planejamento da contraofensiva foi feito com táticas que viriam a encurralar e destruir o 6° Exército alemão e demais tropas do Eixo em torno de Stalingrado, tornando essa a segunda derrota em larga escala do Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante o cerco, os comandos alemães, húngaros, italianos e romenos protegendo os flancos do Grupo de Exércitos B, haviam pedido apoio de tropas a seus quartéis-generais. O Segundo Exército Húngaro, consistindo em sua maioria de unidades mal equipadas e mal treinadas, tinha a missão de defender um setor de 200 km da frente norte de Stalingrado, entre o exército italiano e a cidade de Voronej. Isto resultou numa linha muito tênue de defesa em que setores de 1 a 2 km de extensão eram defendidos apenas por um pelotão. Da mesma maneira, no flanco sul do setor de Stalingrado, a frente sudoeste de Katelnikovo era guardada apenas pelo 7º Corpo de Exército romeno.

Entretanto, Hitler estava tão obcecado em tomar a cidade, que os apelos para reforço dos flancos foram ignorados. O Führer clamava que a cidade seria capturada e os frágeis flancos seriam mantidos com o ardor patriótico do nacional-socialismo.


Soldados soviéticos atacando posições alemães.

Operação Urano: A ofensiva soviética

Operação Urano (em russo: Operatsiya Uran) foi o nome de código da operação estratégica soviética de contraofensiva realizada entre 19 e 23 de Novembro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, que levou ao cerco do 6.º Exército alemão, dos 3.º e 4.º Exércitos romenos, e parte do 4.º Exército Panzer alemão.

A Operação Urano foi comandada pelo general soviético Gueorgui Jukov, comandante-em-chefe das Forças Armadas Soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial.

A operação, inserida na Batalha de Stalingrado, tinha por objetivo destruir as forças alemãs que se encontravam em Stalingrado e em seu redor. O planeamento da Operação Urano começou em Setembro de 1942, e foi desenvolvido simultaneamente com outros planos para cercar e destruir o Grupo de Exércitos Central alemão e as forças alemãs no Cáucaso.

O Exército Vermelho tirou vantagem da fraca preparação do exército germânico para enfrentar o Inverno, e do facto de as forças posicionadas a sul da União Soviética terem atingido o seu limite, perto de Stalingrado, e estarem a utilizar o apoio das fracas tropas romenas para lhes proteger os flancos; os pontos de partida das ofensivas foram estabelecidas ao longo da secção frontal diretamente oposta às forças romenas. Estas forças do Eixo não tinham o equipamento pesado necessário para fazerem frente aos blindados soviéticos.

Devido à grande dimensão da frente criada pela ofensiva de Verão alemã, cujo objectivo era conquistar os campos petrolíferos do Cáucaso e a cidade de Stalingrado, as forças alemãs, assim como outras do Eixo, foram forçadas a proteger vários sectores da frente para além dos inicialmente previstos. Esta situação foi ainda mais exagerada pelos alemães ao decidirem reposicionar várias divisões mecanizadas desde a União Soviética até à Europa Ocidental. Além do mais, as unidades posicionadas naquela zona estavam exaustas após meses de combates, em particular aquelas que participaram nos confrontos em Stalingrado. Os alemães só podiam contar com o 48.º Corpo Panzer, que tinha a força de uma simples divisão panzer, e com a 29.ª Divisão Panzergrenadier como reserva de apoio aos aliados romenos nos flancos do 6.º Exército alemão. Em comparação, o Exército Vermelho tinha mobilizado mais de um milhão de tropas com o objetivo de dar início à ofensiva em Stalingrado. O movimento das tropas soviéticas não foi, no entanto, fácil, em especial no que concerne à dificuldade de esconderem a sua operação, e ao facto de ser habitual as unidades soviéticas chegarem atrasadas devido a problemas logísticos. A Operação Urano foi adiada, inicialmente, do dia 8 para 17 de novembro e, posteriormente, para 19 de novembro de 1942.

Às 07h20, hora de Moscou, de 19 de novembro de 1942, as forças soviéticas do lado norte do flanco do Eixo em Stalingrado, começaram a sua ofensiva; as forças a sul, começaram a 20 de novembro. Embora as forças romenas tivessem conseguido repelir os primeiros ataques, no final de 20 de novembro, o 3.º e 4.º Exércitos romenos estavam em debandada, devido ao movimento do Exército Vermelho que conseguiu penetrar, sem confrontos, nas divisões de infantaria alemãs.

As reservas alemãs não foram fortes o suficiente para desviar as forças mecanizadas soviéticas da frente, enquanto o 6.º Exército não reagiu com a rapidez suficiente para mobilizar as forças blindadas alemãs em Stalingrado e posicioná-las para fazer frente à ameaça iminente. No dia 22 de novembro, as forças soviéticas reuniram-se na cidade de Kalach, cercando 290.000 homens a leste do rio Don. Em vez de tentar quebrar o cerco, o Chefe-de-Estado alemão, Adolf Hitler, decidiu manter as forças do Eixo em Stalingrado, e reabastecê-las por via aérea. Entretanto, os comandantes soviéticos e alemães começaram a preparar os seus próximos movimentos.

A 22 de novembro, as forças soviéticas começaram a atravessar o rio Don e continuaram o seu avanço em direção à cidade de Kalach. As forças alemãs que defendiam esta cidade, constituídos, na sua maioria, por pessoal de manutenção e de abastecimentos, só ficaram sabendo da ofensiva soviética a 21 de novembro e, mesmo assim, não sabiam qual a verdadeira dimensão do Exército Vermelho que se aproximava.

A tarefa de levar uma ponte até Kalach, foi dada ao 26.º Corpo de Tanques, que utilizou dois tanques e dois veículos de reconhecimento alemães capturados para a aproximação à cidade, e para disparar sobre os guardas. As forças soviéticas entraram na cidade no meio da manhã e expulsaram os seus defensores, permitindo, assim, que elas próprias e o 4.º Corpo de Tanques se juntassem ao 4.º Corpo Mecanizado do Exército Vermelho, que se aproximava do sul.

O cerco das forças alemãs em Stalingrado terminou no dia 22 de novembro de 1942. Nesse dia, as formações soviéticas continuaram a lutar contra pequenas posições de resistência romena, como o do 5.º Corpo romeno.

Os combates continuaram até 23 de novembro de 1942 quando os alemães tentaram, em vão, efetuar contra-ataques locais para furar o cerco.

A esta altura, as tropas do Eixo, dentro do cerco, seguiram para leste até Stalingrado para evitar os tanques soviéticos, enquanto aqueles que conseguiram fugir ao cerco, foram para oeste em direção às forças alemãs e outras forças do Eixo.

A vitória soviética

Os alemães presos no cerco na área de Stalingrado se retiraram para os subúrbios da cidade. A perda de dois aeroportos, em janeiro, pôs um fim à ponte aérea e a evacuação de feridos. A partir daí não houve mais pousos da Luftwaffe em Stalingrado, que, entretanto, continuou a jogar sobre a parte da cidade ocupada por suas tropas, comida e munição até a rendição final. De qualquer maneira, mesmo com poucos meios, eles continuaram a resistir, em parte por não querer cair prisioneiros nas mãos dos soviéticos, acreditando que seriam executados sumariamente. Em particular, os hiwis (voluntários soviéticos anticomunistas lutando ao lado dos alemães) não tinham a menor ilusão sobre seu destino se fossem capturados.


Dois voluntários russos (hiwisna Wehrmacht condecorados com a General Assault Badge.

Os soviéticos, por seu lado, ficaram surpresos com o grande número de soldados que eles haviam cercado e tiveram que reforçar suas tropas no cerco. A guerra urbana recomeçou com fúria, mas desta vez eram os nazistas que eram empurrados para as margens do Volga. Eles fortificaram suas posições nos distritos industriais e os soviéticos encontraram a mesma dificuldade para desalojá-los, numa luta casa-a-casa, que haviam causado aos invasores no começo da batalha. Os alemães usaram uma defesa que consistia em fixar redes de arame na janela dos edifícios e casas onde se escondiam, para se proteger das granadas lançadas. Os soviéticos responderam fixando ganchos de anzol nas granadas, que prendiam nas redes e explodiam as janelas. Sem combustível, os tanques dos alemães eram inúteis na cidade, sendo usados como canhões imóveis, alvos fáceis para as armas antitanques soviéticas.

No dia 24 de janeiro de 1943, foi enviada a Adolf Hitler mais uma mensagem desesperada assinada por Von Paulus que traduzia a real situação do 6º Exército:

"Tropas sem munição ou alimento. Contato mantido com elementos de apenas seis divisões. Indícios de fragmentação nas frentes norte, sul e oeste. Pouca alteração na frente leste. Dezoito mil feridos sem atendimento, ataduras ou medicamentos. As 44º, 76º, 100º, 305º e 384º Divisões de Infantaria destruídas. Não mais possível exercício de comando. Frente rompida em consequência de penetrações profundas por três lados. Só existem pontos fortes e abrigos no interior da cidade. Inútil continuar defesa. Colapso inevitável. Exército solicita autorização imediata para rendição a fim de salvar vidas das tropas restantes."

Durante seu depoimento em Nurenberg, Von Paulus declarou que recebeu a seguinte resposta:

"Capitulação impossível. O 6º Exército cumprirá com seu dever histórico em Stalingrado até o último homem a fim de possibilitar a reconstrução da frente oriental".

Em fins de janeiro, um enviado soviético fez uma oferta generosa aos sitiados levada pessoalmente ao general Von Paulus: caso os alemães se rendessem em 24 horas, eles receberiam garantias de vida para todos os prisioneiros de guerra, cuidados médicos para os feridos e doentes. Rações de comida normais e repatriação de prisioneiros para onde eles desejassem ao fim da guerra. Paulus, sob as ordens de Hitler de não se render, recusou a oferta, assegurando a total destruição do 6º Exército e o futuro calvário de seus sobreviventes.

Adolf Hitler promoveu Friedrich Paulus a marechal-de-campo em 30 de janeiro de 1943, o dia do décimo aniversário da sua ascensão ao poder na Alemanha. Como jamais um marechal alemão havia sido feito prisioneiro de guerra, Hitler supôs que com a promoção Von Paulus fosse lutar até a morte ou se suicidar, mas quando as forças soviéticas na cidade se aproximaram de seu quartel-general, num grande departamento de lojas, no dia seguinte, ele se rendeu.

Hitler fizera chover promoções e condecorações sobre Paulus e seus oficiais e praças que ainda viviam, mas o destino estava traçado.

O marechal telegrafou " O 6º Exército, fiel ao seu juramento e consciência da sublime importância de sua missão, manteve a posição até o último homem e o último tiro pelo Führer e pela Pátria até o fim".

Em 31 de janeiro de 1943, o quartel-general do 6º Exército transmitiu sua última mensagem; "Os russos chegaram na porta do nosso abrigo. Estamos destruindo nosso equipamento. CL (esta estação não transmitirá mais)”.


Marechal Friedrich Paulus (centro) e seus oficiais após a rendição.

Os remanescentes do exército alemão renderam-se a 2 de fevereiro de 1943; 91 mil homens esfomeados, doentes e exaustos foram feitos prisioneiros, entre eles 22 generais, para comemoração dos soviéticos.


O centro da cidade de Stalingrado depois da vitória soviética sobre as tropas nazistas.

Fonte: Wikipédia


Tags: Segunda Guerra Mundial, guerra, batalha, Stalingrado, nazismo, Hitler, Stalin






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