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13 de fevereiro de 1945.

Segunda Guerra Mundial: as forças Aliadas iniciam o bombardeio da cidade alemã de Dresden, um dos maiores patrimônios culturais europeus. A cidade não tinha nenhum alvo militar

O centro histórico de Dresden destruído pelo bombardeio dos Aliados.

Era a noite de terça-feira de Carnaval. Em meio à Segunda Guerra Mundial, com as tropas alemãs sendo obrigadas a recuar diante da ofensiva dos Aliados, não havia ambiente para se festejar em Dresden, às margens do rio Elba. Mesmo assim, o rádio transmitia músicas e amenidades. De repente, soaram as sirenes do alarme de ataque aéreo e poucos minutos depois a cidade se transformava numa enorme fogueira.

Nunca o termo Quarta-feira de Cinzas definira tão bem o dia seguinte em Dresden. Cinzas e escombros era tudo o que restara de uma das mais belas cidades da Europa, a ponto de ser também chamada de "Florença do Elba". Em apenas uma noite, os bombardeiros americanos e britânicos deixaram um rastro de destruição: dezenas de milhares de mortos e 15 quilômetros quadrados de patrimônio histórico e cultural transformados em montes de entulho.

A cena era tão desoladora que levou o poeta Gerhart Hauptmann a comentar na época: "Quem desaprendeu a chorar está reaprendendo com a destruição de Dresden".

Refúgio contra bombas

Quase nada sobreviveu do palácio real, do conjunto Zwinger, da ópera Semperoper, da galeria de artes e do teatro Schauspielhaus, assim como a igreja Frauenkirche, obra do mestre barroco George Bähr, que com sua cúpula de pedra se sobressaía na silhueta da cidade.

O templo luterano consagrado às Nossas Mulheres Queridas ainda resistia de pé na quarta-feira, quando centenas de habitantes, que haviam procurado abrigo nela, deixaram seu interior. Na segunda manhã após o bombardeio, às 10 horas, as paredes e colunas não resistiram mais e a igreja foi abaixo.

Construída entre 1726 e 1743, a imponente Frauenkirche acolheu os fiéis e fascinou por sua cúpula de arenito durante pouco mais de 200 anos, até que os Aliados promoveram, na noite de 13 de fevereiro de 1945, um de seus mais devastadores ataques durante a Segunda Guerra Mundial.

Ataque surpresa

Até então, a outrora cidade residencial dos príncipes saxões só conhecia os horrores da guerra através de relatos de soldados e de refugiados alemães, que fugiam da ofensiva soviética no Leste e acreditavam ter encontrado em Dresden um local seguro.

Sobrevivente do ataque, Ilse Walter recorda como todos foram surpreendidos pela noite de terror. "No rádio, houve um informe de que bombardeiros estavam sobrevoando Hannover e Braunschweig. Bem, isto nós ouvíamos diariamente e as duas cidades ficavam, para a época, bem longe de Dresden."

Por quê?

Além do mais, que finalidade teria bombardear Dresden, uma cidade sem qualquer importância estratégica? Não possuía nenhum quartel militar e suas indústrias estavam instaladas distantes do centro urbano.

O plano para a divisão da Alemanha após a guerra também já estava acertado há muito tempo. Assinado em setembro de 1944, o Protocolo de Londres já fixava as zonas de ocupação de cada uma das potências aliadas. O fim da guerra era apenas uma questão de tempo, mesmo que Berlim ainda tentasse manter a pose.

Até hoje os Aliados não revelaram que motivo os levou a promover o inferno num dos patrimônios culturais europeus. Existem apenas suposições e boatos. Especula-se sobre objetivos exclusivamente políticos, pois Dresden ficaria na zona de ocupação soviética. A destruição total visaria criar dificuldades para a futura administração comunista.


A Frauenkirche também foi destruída pelas bombas. Erguida entre 1726 e 1743, a igreja barroca foi mantida em destroços até 1993, como um memorial à destruição sem sentido provocada pela guerra. Ela foi depois reconstruída. Um artista britânico, cujo pai participou do bombardeio, foi quem reconstruiu fielmente a cruz na torre da igreja.

Reconstrução

Após a guerra, o líder comunista alemão Walter Ulbricht sonhava em fazer de Dresden uma cidade modelo do urbanismo socialista, com avenidas largas e lugar para grandes manifestações públicas.

Historiadores da arte, urbanistas e defensores do patrimônio cultural se opuseram, pois desejavam a reconstrução da cidade barroca, o que em parte foi conseguido. Ao menos os principais prédios do centro antigo e que compunham a famosa silhueta da cidade estão novamente de pé.

Em agosto de 1945, três meses após o fim da guerra, havia começado a reconstrução do conjunto Zwinger e do teatro Schauspielhaus. Mais tarde, subiram a Semperoper, o palácio e a igreja real. A Frauenkirche, porém, precisou esperar. Mas, num período em que muitas igrejas eram demolidas na Alemanha Oriental para dar lugar a prédios com outras finalidades, o monte de 13 metros de altura e 22 mil metros cúbicos de entulho e duas colunas que permaneciam de pé foram ao menos mantidos intocados.

Com o fim do regime comunista e a reunificação da Alemanha, uma fundação começou a recolher donativos para reerguer a igreja. Desde então, a esplendorosa construção barroca renasceu, pedra por pedra.

O cientista Günter Blobel, nascido em Dresden e radicado nos EUA, destaca-se entre os doadores. Ele passou à fundação 1 milhão de dólares que ganhou junto com o Prêmio Nobel de Medicina de 1999.

A Frauenkirche foi oficialmente reaberta em 30 de outubro de 2005, após 13 anos de reconstrução.

Fonte: Deutsche Welle


Tags: Segunda Guerra Mundial, bombardeiro, Dresden, Frauenkirche






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